Antigo líder catalão Jordi Pujol julgado em videoconferência. Tem 95 anos
- 24/11/2025
A defesa de Jordi Pujol tinha invocado falta de "condições físicas e cognitivas" para o antigo presidente do governo autonómico catalão ser julgado e se defender.
A Audiência Nacional de Espanha fez uma ligação por videoconferência entre a sala do tribunal onde vai decorrer o julgamento, em Madrid, e a casa de Jordi Pujol, em Barcelona, e no final os juízes anunciaram que o político catalão será julgado com o resto da família.
Pujol será julgado por videoconferência, mantendo-se em casa, enquanto os filhos e os restantes réus vão comparecer na sala do tribunal.
Os magistrados disseram que esta decisão em relação a Jordi Pujol pode ser revista ao longo do julgamento, uma vez que um relatório médico confirma a deterioração cognitiva do antigo líder da Catalunha.
Após esta deliberação, o julgamento arrancou formalmente, mais de 10 anos após o início da investigação policial e cinco anos depois do fim da instrução, num processo que ditou a queda de uma figura mítica do nacionalismo catalão e da "transição espanhola".
Jordi Pujol, que liderou o governo regional da Catalunha (Generalitat) entre 1980 e 2003, os sete filhos e outras 11 pessoas são acusados de associação ilícita, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e crimes contra as finanças espanholas, num caso relacionado com a ocultação de uma fortuna familiar e suspeitas de comissões na adjudicação de obras públicas.
Em julho de 2014, e depois de notícias publicadas pelo jornal El Mundo, Jordi Pujol confessou, num comunicado, que a família mantinha há anos uma fortuna oculta em Andorra, que disse ser resultado de uma herança.
Seguiu-se uma investigação policial que alargou os potenciais crimes e os potenciais envolvidos, até ao grupo 20 pessoas que começou agora a ser julgado.
O Ministério Público pede nove anos de prisão para Jordi Pujol e entre 29 e oito anos de prisão para os sete filhos, com a acusação de que "pelo menos desde o ano 1991" ocultaram em Andorra "uma ingente quantidade de dinheiro" oriundo de "favorecimento a determinados empresários para lhes serem adjudicados diferentes concursos públicos da administração pública catalã".
A confissão de Jordi Pujol abalou a Catalunha e o resto de Espanha e levou à queda em desgraça de uma figura de referência na oposição à ditadura de Francisco Franco e depois da transição para a democracia, da consolidação do regime democrático em Espanha e da afirmação do nacionalismo catalão.
Pujol foi, à frente do governo regional catalão, um ator essencial da política espanhola, tanto na Catalunha como a nível nacional, assumindo-se também garante de estabilidade de sucessivos executivos de Espanha, através de vários acordos parlamentares.
"Se a confissão não tivesse ocorrido, um dia a melhor rua teria sido para ele. (...) o seu desaparecimento teria sido glorioso, como foi o de Adolfo Suárez [antigo primeiro-ministro que é a cara da transição espanhola e dá nome ao aeroporto de Madrid]", escreveu em 2015 o jornalista do EL Pais LLuis Bassets, para explicar o abalo que provocou este caso na Catalunha e em Espanha.
O julgamento vai estender-se durante meses e tem já sessões marcadas até maio de 2026.
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