Após morte de ativista, primeiro-ministro do Bangladesh apela à calma
- 19/12/2025
"Condenamos veementemente quaisquer atos de intimidação, violência ou destruição de propriedade. Este é um momento crucial na história da nação, que atravessa uma transição democrática histórica", disse o primeiro-ministro, que anunciou recentemente que vão ser realizadas eleições em janeiro para finalizar este processo político.
Yunus apelou às pessoas para "evitar ataques entre grupos" e afirmou que o país "não se pode dar ao luxo de um descarrilamento causado por aqueles que procuram o caos e rejeitam a paz".
"As próximas eleições não são um mero exercício político. São um ato solene de compromisso nacional. Esta promessa é indissociável do sonho que Osman Hadi acalentava. Honrar o seu sacrifício e a sua memória exige responsabilidade, moderação e um compromisso com a rejeição do ódio", afirmou o primeiro-ministro.
Yunus dirigiu-se também aos funcionários de jornais como o 'The Daily Star', 'Prothom Alo' e 'New Age' dizendo: "Estamos convosco".
"Lamentamos profundamente o terror e a violência que enfrentaram. O país testemunhou a vossa coragem e resiliência perante o terror. Os ataques contra jornalistas são ataques contra a própria verdade. Prometemos justiça", afirmou Yunus.
O primeiro-ministro referia-se aos ataques realizados durante os protestos que estão a decorrer em Daca, a capital do país, contra várias redações de meios de comunicação.
"Nestes tempos críticos, pedimos a todos os cidadãos que honrem Osman Hadi rejeitando todos os atos de violência, incitação e ódio", concluiu.
Hoje, os manifestantes ameaçam continuar os protestos até que os responsáveis pela morte Hadi sejam levados à justiça, poucas horas antes da chegada dos seus restos mortais ao país, vindos de Singapura.
Os protestos, que se intensificaram na noite de quinta-feira, continuam hoje na praça Shahbag, em Daca.
Hadi, de 32 anos, figura-chave da revolta que derrubou o anterior regime da primeira-ministra Sheikh Hasina em 2024, morreu esta quinta-feira num hospital de Singapura, depois de sucumbir aos graves ferimentos sofridos quando foi baleado na cabeça em 12 de dezembro, em Daca, durante um ataque de homens armados.
A escalada de violência eclodiu na quinta-feira após a confirmação da morte do líder estudantil, embora já tivessem ocorrido protestos em frente aos edifícios diplomáticos indianos em Daca durante a semana.
As autoridades do Bangladesh mobilizaram hoje um esquema de segurança no aeroporto e nos pontos de acesso a Daca, antecipando a chegada dos restos mortais do ativista.
Para tentar conter a situação, Yunus anunciou num comunicado televisivo a declaração de luto nacional no sábado, enquanto a Polícia Metropolitana de Daca ofereceu oficialmente uma recompensa de cinco milhões de taka (cerca de 42 mil dólares) por informações sobre os autores do crime.
Os protestos no Bangladesh reacenderam o sentimento anti-Índia nas ruas, depois de Daca ter acusado Nova Deli de dar asilo a Hasina e de lhe permitir fazer telefonemas para desestabilizar o país antes das eleições, acusações que a Índia nega.
A hostilidade em relação ao país vizinho, alimentada pela retórica do falecido Hadi sobre a "hegemonia indiana", obrigou também ao encerramento das missões diplomáticas.
Os Centros de Solicitação de Vistos da Índia (IVACs) emitiram comunicados oficiais confirmando o encerramento por tempo indeterminado das suas instalações em Rajshahi e Khulna, citando o risco de ataques por parte de grupos que ligam a atual instabilidade política à alegada interferência dos serviços de informação indianos.
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