Após revogação de voos, Ana e Claudia querem fugir da Venezuela "já"
- 28/11/2025
O governo da Venezuela revogou autorizações de tráfego aéreo a cinco companhias aéreas, entre as quais a TAP e a espanhola Iberia, por considerarem que estas "juntaram-se às ações de terrorismo de Estado promovidas pelo governo dos Estados Unidos".
A decisão surge na sequência do adensar das tensões entre Nicolás Maduro e Donald Trump e as companhias visadas são a TAP, a Iberia, a Avianca, a Latam Colombia, a Turkish Airlines e a Gol.
Na sequência disso, muitos voos foram cancelados e cresce o medo entre quem se diz não sentir inseguro na Venezuela.
“Temos que ir para casa já"
Ana e Claudia (nomes fictícios por medo de sofrerem represálias) são duas das mulheres que se viram prejudicadas por esta decisão, contam ao ABC espanhol.
Aquilo que seria apenas uma viagem de família até Caracas transformou-se num pesadelo para estas duas mulheres que se viram numa luta frenética para encontrar uma viagem de regresso a casa.
As duas tinham um voo agendado para a próxima segunda-feira, o qual acabou por ser cancelado na terça-feira, após a decisão de revogar os voos por parte da Venezuela.
No sábado, a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) emitiu um alerta para “extrema precaução” ao sobrevoar a Venezuela, após a Agência Estatal de Segurança Aérea (AESA) ter recomendado igualmente que não fossem operados voos civis, levando companhias como a Iberia, Air Europa ou Plus Ultra a cancelarem as suas rotas Caracas-Madrid. Entre essas companhias está a venezuelana Láser, com a qual as duas jovens deveriam viajar.
Claudia é venezuelana mas mora há sete anos em Espanha. Quando soube que o seu voo tinha sido cancelado, a sua primeira reação foi a de que tinha de voltar a casa rápido.
“Temos que ir para casa já, ou seja não podemos esperar que nos atribuam outro voo, porque isso pode acontecer em fevereiro ou sabe-se lá quando”, acrescenta à publicação, por sua vez Ana, que é espanhola.
As duas começaram assim uma saga para encontrar um novo voo, naquilo que reflete o desespero de muitas mais pessoas, que estão agora retidas no país.
"Ligámos como loucas para a companhia aérea, mas não nos reembolsaram o dinheiro e não nos puderam realojar, uma vez que não sabiam quando poderiam retomar os voos", contam, revelando que a única opção que lhes ofereceram foi investir o valor que tinham gastado numa passagem para outro destino e, a partir daí, tentar voar para Madrid.
"Usámos o dinheiro da passagem Caracas-Madrid para um voo Caracas-Bogotá, mas tivemos de pagar a diferença. E depois tivemos de comprar separadamente a passagem de Bogotá para Madrid", detalham.
A viagem acabou por lhes custar mais 1.300 euros do que tinham pago inicialmente, um valor que só conseguiram pagar com a ajuda dos pais de Ana.
Os pais de Ana vivem desde então com o coração nas mãos, tal como partilharam com o ABC, com receio do que possa acontecer.
A viagem de Claudia e Ana está agendada para a próxima segunda-feira, mas as duas questionam o que farão todos aqueles que precisam sair do país e que não terão ninguém para os ajudar.
Venezuela revoga autorização de tráfego aéreo
O governo da Venezuela cumpriu a ameaça e, na noite de quarta-feira, 26 de novembro, revogou as autorizações de tráfego aéreo a cinco companhias aéreas: TAP, Iberia, Avianca, Latam Colombia, Turkish Airlines e Gol.
De acordo com o El País, que avança com a notícia, o argumento do regime de Nicolás Maduro para proibir estas companhias aéreas de viajar para o país "é estritamente político".
O Ministério dos Transportes e o Instituto Nacional de Aeronáutica Civil (INAC) acusam as companhias aéreas de "unirem-se aos atos de terrorismo de Estado promovidos pelo governo dos Estados Unidos suspendendo unilateralmente as operações aéreas comerciais de e para a República Bolivariana da Venezuela".
A ordem de revogação foi publicada no Diário Oficial da República Bolivariana da Venezuela, depois de as empresas em questão terem decidido suspender os voos para aquele país devido à crescente tensão entre Caracas e Washington.





.jpg)























































