Bolsonaro fica em prisão preventiva após danificar pulseira eletrónica
- 25/11/2025
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil votou esta segunda-feira para decretar a prisão preventiva do antigo presidente brasileiro Jair Bolsonaro.
Bolsonaro encontra-se detido numa sala da Polícia Federal em Brasília desde sábado, dia 22 de novembro, depois de ter tentado abrir a pulseira eletrónica com um ferro de soldar.
A decisão foi tomada pelo juiz Alexandre de Moraes, na altura, que considerou que Bolsonaro constituía um risco "concreto" de fuga e de "ameaça à ordem pública". Essa decisão foi agora confirmada pelo Supremo.
Dos quatro juízes que pertencem ao plenário da Primeira Turma do STF, três já votaram pela permanência de Jair Bolsonaro em prisão preventiva na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília.
Falta apenas votar a juíza Cármen Lúcia, mas os votos de Alexandre de Moares, Flávio Dino e Cristiano Zanin são já suficientes para a decisão ser mantida.
"A continuidade no desrespeito às medidas cautelares, entretanto, não cessou. Pelo contrário, ampliou-se na última sexta-feira, dia 21/11, quando Jair Messias Bolsonaro violou dolosa e conscientemente o equipamento de monitorização eletrónica", escreveu no seu voto Alexandre de Moraes.
Bolsonaro diz que sofreu um "surto" no sábado
No domingo, ouvido em audiência de controlo (para verificar a sua integridade física e garantir que os seus direitos não foram violados), o ex-presidente alegou que sofreu um "surto" causado pela sua medicação, negando taxativamente qualquer tentativa de fuga.
"Depoente [Bolsonaro] afirmou que estava com 'alucinação' de que tinha alguma escuta na tornozeleira, tentando então abrir a tampa", lê-se na ata da audiência, protocolada pela juíza auxiliar Luciana Sorrentino, citada pelo g1.
O ex-presidente do Brasil revelou que tem sentido uma "certa paranoia" por causa dos medicamentos que tem tomado, que o levou a acreditar que havia um sistema de escuta na pulseira.
Os dois medicamentos citados são pregabalina (antiepiléptico) e sertralina (antidepressivo).
Bolsonaro, de 70 anos, alegou também que não dorme bem e que estava "alucinado". Por isso, resolveu usar um ferro de soldar na pulseira eletrónica. Contudo, disse também que "caiu em si" e deteve-se no momento em que comunicou com os agentes.
Bolsonaro admitiu ainda que "não se lembra de ter um surto dessa natureza noutra ocasião" e que começou a tomar os medicamentos em causa "cerca de quatro dias antes dos factos que levaram à sua prisão".
O ex-presidente relatou que começou a manipular o aparelho desde a tarde de sexta-feira até à meia-noite de sábado, quando o dispositivo lançou um alerta às autoridades brasileiras, que compareceram imediatamente para verificar o que havia acontecido.
Horas antes de Bolsonaro ter começado a danificar a pulseira, o seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, convocou uma vigília religiosa à frende da sua residência - onde estava detido.
Tendo em conta este depoimento, o juiz Alexandre de Moraes frisou Bolsonaro confessou que "inutilizou a tornozeleira eletrónica com cometimento de falta grave, ostensivo descumprimento da medida cautelar e patente desrespeito à Justiça".
Bolsonaro foi considerado culpado de tentativa de golpe de Estado
O ex-presidente aguardava em prisão domiciliária há já quase quatro meses que o STF ordenasse a execução da sua sentença, após ter sido declarado culpado de "liderar" um golpe de Estado em 2022, depois de perder as eleições para o atual presidente, Lula da Silva. Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal formou, na altura, maioria para condenar o antigo presidente por tentativa de abolição violenta do Estado de Direito Democrático, golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado, deterioração de património e por liderar a organização criminosa.
A entrada do ex-chefe de Estado na prisão não foi automática, dado que a defesa de Bolsonaro ainda tinha a possibilidade de recorrer da decisão. Contudo, ao longo dos últimos meses estes recursos têm vindo a cair por terra, encontrando-se agora na sua fase final, pelo que a execução da pena de quase três décadas deverá estar para breve.
[Notícia atualizada às 14h34]
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