Brasil em 2025: G20, tensões polícias, julgamento de Bolsonaro e tarifas
- 10/12/2025
Alavancado pela presidência do G20 no final do ano passado, marcada pela defesa da taxação dos super-ricos e do combate à fome, o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, acolheu a meio do ano a cimeira dos emergentes BRICS, reforçando o discurso de maior protagonismo do Sul Global, a favor do multilateralismo, contra a imposição unilateral de tarifas e na defesa de uma moeda comum para concorrer com o dólar.
Se com a presidência dos BRICS, Lula da Silva procurou unir e reforçar o Sul Global (valendo-lhe problemas com os Estados Unidos), tentou equilibrar o tabuleiro ao assumir a presidência do Mercosul e, ao que tudo indica, conseguir assinar ainda este ano o acordo comercial com a União Europeia.
No campo climático, após anos de insistência, o Presidente brasileiro conseguiu levar, em novembro, o maior fórum climático do mundo (COP30), para a Amazónia, numa tentativa, por um lado, de dinamizar e de equipar com infraestruturas a precária cidade de Belém e, por outro, mostrar aos representantes mundiais como vivem as pessoas na maior floresta tropical do mundo.
Contudo, apesar das expectativas de ambientalistas, indígenas, povos ribeirinhos e organizações não-governamentais de que houvesse um acordo sobre o abandono dos combustíveis fósseis, após intensas negociações a referência explícita ficou fora do texto devido à recusa dos países árabes em abordar o tema.
A acrescentar, Lula da Silva, a poucos dias do início da COP30, mostrou-se a favor da prospeção de petróleo, por parte da Petrobras, num poço situado a cerca de 175 quilómetros da costa amazónica, após ter obtido autorização da autoridade ambiental brasileira.
Mas, enquanto Lula da Silva procurava projetar o Brasil no exterior, o cenário interno era dominado pelo processo no qual Jair Bolsonaro foi acusado, colocado em prisão domiciliária, julgado e condenado, estando agora a cumprir pena de prisão de 27 anos e três meses por atentar contra o Estado de direito democrático.
Na segunda metade do ano, entrou em jogo o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aliado de Bolsonaro, que apelidou de "caça às bruxas" o processo de tentativa de golpe de Estado e procurou pressionar tanto o poder executivo, como judicial brasileiros.
Trump aplicou tarifas de 50% a vários produtos brasileiros, que foram depois reduzidas ou eliminadas, e aplicou sanções a várias autoridades judiciais diretamente implicadas do processo contra Jair Bolsonaro, a mais intensa das quais (ainda hoje em vigor) contra Alexandre de Moraes, 'inimigo número um do bolsonarismo' e relator do processo da tentativa de golpe de Estado, que garantiu que não se iria intimidar com "pressões internas ou externas".
Também Lula da Silva bateu de frente com os EUA, afirmando que a soberania e a democracia do Brasil não eram negociáveis.
Apesar da condenação de Bolsonaro, os canais de comunicação entre os Estados Unidos e o Brasil foram reabertos, com os dois líderes a participarem em várias reuniões e Trump a retirar as tarifas sobre certos produtos brasileiros, incluindo carne de vaca, legumes, café e cacau.
Em 2025, a segurança pública voltou ao centro do debate. Primeiro, em agosto, uma operação da Polícia Federal cumpriu centenas de mandados de busca, apreensão e prisão contra o Primeiro Comando da Capital (PCC) num esquema bilionário de fraude de combustíveis, lavagem de dinheiro e fraude fiscal.
Depois, em outubro, os complexos de favelas da Penha e do Alemão, situados numa região onde vivem cerca de 200 mil pessoas, foram palco da ação policial mais letal já registada no Brasil, conduzida pelo Governo do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho.
Pelo menos 121 pessoas morreram e tanto o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, como as forças de segurança do estado celebraram publicamente a "bem-sucedida" operação que, segundo estes, teve apenas quatro vítimas, sendo estas os agentes que morreram durante a ação.
Por outro lado, o Governo federal criticou a operação e várias organizações de defesa dos direitos humanos frisaram que a segurança no Rio de Janeiro "não se conquista com sangue" e que a operação, além de expor "o fracasso e a violência estrutural da política de segurança", coloca a cidade "num estado de terror".
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