Cães e gatos ganham espaço na China dos berços vazios

  • 21/12/2025

Huamei ("ameixa chinesa", em português) acompanha o jovem de 24 anos em casa, nos passeios no parque e até no trabalho -- a multinacional japonesa onde trabalha permite levar cãespara o escritório às sextas-feiras.

 

"Onde eu vou, ele também vai. Os meus pais perguntam-me porque é que não me caso e tenho filhos e eu digo-lhes que prefiro ter um cão", contou à agência Lusa.

Cheng não é uma exceção: o crescimento do mercado dos animais domésticos coincide com profundas transformações demográficas na China, que perdeu há dois anos o estatuto de nação mais populosa do mundo para a Índia.

A população diminuiu em 2024 pelo terceiro ano consecutivo, caindo para 1.408 milhões de habitantes.

O valor da indústria dos animais de estimação na China, que em 2019 era de cerca de 221,2 mil milhões de yuan (26,6 mil milhões de euros), deverá ultrapassar os 811 mil milhões de yuan (97,8 mil milhões de euros) este ano, segundo a consultora iiMedia Research.

Na D&L Pets Department Store, no distrito de Changning, em Xangai, é possível encomendar bolos de aniversário para cães ou gatos, preparados a partir de um catálogo com dezenas de modelos.

Os preços rondam os 50 euros. Há ainda refeições preparadas por um 'chef', gelados, pizzas, 'lattes', suplementos nutricionais, peluches, roupas e um estúdio fotográfico para animais. No exterior, um recreio com baloiços e túneis exclusivos para cães e gatos completa a experiência.

As grandes marcas internacionais também estão atentas: a empresa alemã de artigos desportivos Adidas lançou este ano, exclusivamente na China, uma nova coleção de roupas e acessórios para cães e gatos.

Segundo a fornecedora de dados da indústria Petdata, quase metade dos donos de animais no país tem entre 23 e 33 anos.

Um estudo do banco de investimento Goldman Sachs indica que, em 2024, o número de animais de estimação nas cidades chinesas ultrapassou o de crianças com menos de quatro anos. Até 2030, estima-se que os animais superem os 70 milhões, enquanto as crianças nessa faixa etária deverão cair para menos de 40 milhões.

"É como se fosse um filho", revelou Cheng sobre o seu cão Huamei.

Para Yang Tang, analista de dados de 27 anos e dono de um gato em Xangai, "há cada vez mais pessoas na China com animais por causa da solidão que se sente nas cidades e da necessidade de uma ligação emocional".

"À medida que as pessoas estão mais ocupadas, os animais tornam-se uma fonte de conforto", descreveu. "A geração mais jovem está mais aberta a tratá-los como família".

Xinyi, chinesa de 29 anos, natural da cidade de Foshan, na província de Guangdong, foi mãe há dois anos, mas só consegue estar com a filha aos fins de semana - nos restantes dias, a criança fica com os avós. "A carga horária na China torna difícil passar tempo com a família", contou à Lusa.

Em Pequim, Mo Yang Yang decidiu abrir um serviço de funerais para animais, perante a procura crescente por rituais que tratem cães e gatos como membros da família.

"Hoje em dia, há muita pressão na sociedade e competição em todo o lado. Temos de ser os melhores, temos de ser isto e aquilo, e os nossos pais têm muitas expectativas", observou.

"Mas sabe quem não tem essas expectativas?", questionou. "Os nossos animais de estimação" foi a resposta.

Leia Também: Camboja agradece mediação da China em conflito histórico com Tailândia

FONTE: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/2907980/caes-e-gatos-ganham-espaco-na-china-dos-bercos-vazios#utm_source=rss-mundo&utm_medium=rss&utm_campaign=rssfeed


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