Candidato presidencial derrotado nas Honduras denuncia "fraude"
- 25/12/2025
"Falo como uma pessoa que acredita na democracia, que acredita na lei. Acima de tudo, que acredita na dignidade do voto de cada um de nós. Não aceito a declaração emitida hoje, 24 de dezembro, pelo Conselho Eleitoral, porque não reflete a verdade completa do voto dos cidadãos", afirmou numa aparição na sede do partido, entre os gritos de apoiantes, que ecoaram um "não à fraude".
A candidata do partido no poder Partido Liberdade e Refundação (Libre, esquerda), Rixi Moncada, também não aceitou o resultado do escrutínio das eleições realizadas há quase um mês, alegando também a existência de "fraude eleitoral".
O conservador hondurenho e líder do Partido Nacional das Honduras, Nasry "Tito" Asfura, conhecido no país como "Papá ao vosso serviço", foi declarado esta quarta-feira, com 40,26% dos votos escrutinados, vencedor virtual das eleições presidenciais de 30 de novembro.
O escrutínio foi marcado por denúncias de "fraude" desde antes das votações, ameaças contra as duas conselheiras eleitorais junto do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) pelos partidos considerados vencedores, e a alega "ingerência" do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a favor de Asfura.
Asfura derrotou por pequena margem o também conservador Salvador Nasralla, que obteve 39,54% dos votos, quando estavam escrutinados 99,93% dos boletins de voto, segundo o 'site' do CNE. À candidata do Libre foram atribuídos 705.428 votos, ou 19,19% dos boletins escrutinados.
Nasralla defendeu que a rejeição dos resultados "não é um capricho, não é uma reação emocional» e condenou o facto de ter sido dado um resultado final "sem contar todos os votos", tendo em conta que, segundo o próprio CNE reconheceu, 1,63% das atas apresentam "inconsistências".
"Isto vai pesar-lhes toda a vida. A democracia não se encerra por cansaço nem porque hoje é 24 [de dezembro]", afirmou, antes de reiterar que não vai aceitar um resultado "construído sobre omissões". Fazer isso, acrescentou, "seria trair a confiança" dos eleitores.
O candidato do Partido Liberal garantiu que não tem "medo de dizer a verdade e exigir que o processo eleitoral seja honrado com integridade e de acordo com a lei" e lembrou que esta "reconhece o direito dos partidos políticos de pedir revisão quando existem razões contundentes" para duvidar do processo.
"Quem decidiu quais votos valiam e quais não valiam?", questionou.
"Se os votos não forem contados, continuarei a repetir (...) que este [ato eleitoral], tal como o de 2017, foi uma fraude que me foi cometida pelo crime organizado", afirmou, ao mesmo tempo que acusou o Partido Nacional de governar "em conjunto" com um dos grupos criminosos.
"Não será Asfura quem vai governar Honduras, [mas] o crime organizado liderado por [o ex-presidente hondurenho, perdoado pelos Estados Unidos] Juan Orlando Hernández", acusou.
Por outro lado, Nasralla denunciou que "o que está a acontecer hoje nas Honduras é igual ao que os líderes de esquerda conseguiram na Venezuela, impondo à força Nicolás Maduro", e lamentou que "seja tolerada uma recontagem limitada com o aval do Presidente dos Estados Unidos [Donald Trump], que foi mal informado".
O político conservador descartou, finalmente, o apelo à mobilização, alegando que o país centro-americano já "sofreu" com a imposição da política "pela força e não pela razão".
"Não apelo à desordem nem à violência, apelo a algo mais forte, à consciência, ao respeito e à defesa pacífica do voto, e anuncio que defenderei o voto por meios legais, cívicos e pacíficos até que a verdade seja totalmente conhecida", prometeu.
Leia Também: Presidente das Honduras diz que não ficará "nem um dia a mais"





.jpg)






















































