Caracas em ambiente calmo após declaração de fecho do espaço aéreo
- 01/12/2025
No leste da capital, em El Marquês, Chacao, La California, era notória a reduzida circulação de viaturas e de pessoas em estabelecimentos comerciais, como padarias.
Em La Candelaria e Parque Central, no centro de Caracas, já se registava esta manhã uma maior circulação de pessoas e veículos, mas, ainda assim, em quantidade inferior à dos dias úteis. O fecho de estabelecimentos comerciais contrastava com a presença de vendedores ambulantes nos passeios, alguns deles oferecendo livros antigos e enfeites de Natal.
"Aqui está tudo calmo, por mais que tentem provocar-nos. Estamos em resistência ativa ao imperialismo. Somos um povo rebelde e determinado", respondeu um transeunte à agência Lusa ao ser questionado sobre o ambiente na zona.
Parado na união entre as avenidas Forças Armadas e Urdaneta, Hector Ledezma disse ainda acreditar que "nada nem ninguém" estragará o Natal os venezuelanos e afirmou que o encerramento do espaço aéreo "apenas afeta quem tem dinheiro, quem pode viajar".
"A minha terra é Caracas, não preciso ir para nenhum outro país", frisou, admitindo, no entanto, que poderia viajar até ao estado de Falcón, no centro do país, para visitar a família.
Por outro lado, na Avenida Lecuna, perto de Parque Central, Magaly Marcano, insistir em que os EUA não podem com os venezuelanos: "Temos os genes dos nossos libertadores."
"Os EUA têm tentado afastar o nosso Presidente [Nicolás Maduro] do poder e têm fracassado. Não é ordenando o encerramento do espaço [aéreo] que nos vão intimidar ou condicionar. Na Venezuela, no ar, na terra, no mar e no nosso petróleo mandamos nós", disse.
Perto de Parque Carabobo, um casal de idosos portugueses caminhava para a Igreja de La Candelaria, para assistir, como sempre, à missa dominical.
"Por aqui está tudo calmo e com a interceção de Deus tudo continuará assim [...]. São momentos mais tensos que antes, mas tudo está calmo", disse a mulher, precisando que há mais de 30 anos que não visita a Madeira e que o Natal é para o casal um tempo de nostalgia, de recordar o longínquo passado.
Com atividade reduzida, o Aeroporto Internacional Simón Bolívar de Maiquetia registava hoje o atraso na chegada de pelo menos um voo da Copa Airlines proveniente de Bogotá, na Colômbia, e tinha várias operações aéreas programadas para a ilha de Curaçau, Panamá e Peru, das companhias aéreas Laser, Estelar e Avior.
Por outro lado, a estatal venezuelana Conviasa realizou vários voos hoje dentro da Venezuela, entre eles para San Fernando de Apure, San António de Táchira e Canaima.
Também as companhias aéreas AeroCaribe, Rutaca, Avior, Laser e Venezolana realizaram várias operações aéreas nacionais e têm outras programadas para o dia de hoje.
Trump declarou no sábado que o espaço aéreo da Venezuela deve ser considerado "totalmente fechado".
"Todas as companhias aéreas, pilotos, traficantes de droga e traficantes de seres humanos, considerem o espaço aéreo sobre e ao redor da Venezuela como totalmente fechado", escreveu o líder norte-americano na sua rede social, a Truth Social.
Esta declaração de Trump surge numa altura em que os Estados Unidos intensificam a pressão sobre a Venezuela com um grande destacamento militar nas Caraíbas, incluindo o maior porta-aviões do mundo, e admitem ataques terrestres no território venezuelano na luta contra os cartéis de droga.
A Venezuela condenou a mensagem do Presidente dos Estados Unidos classificando-a como uma "ameaça colonialista".
"A Venezuela denuncia e condena a ameaça colonialista que pretende afetar a soberania do seu espaço aéreo, constituindo assim uma nova agressão extravagante, ilegal e injustificada contra o povo venezuelano", referiu o Ministério dos Negócios Estrangeiros, num comunicado.
Sob o pretexto de combater o narcotráfico, os Estados Unidos mantêm desde setembro um destacamento naval e aéreo em águas das Caraíbas próximas da Venezuela.
Em 21 de novembro, a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) recomendou "extrema cautela" ao sobrevoar a Venezuela e o sul das Caraíbas devido ao que considera "uma situação potencialmente perigosa" na região.
Várias companhias aéreas, incluindo a TAP, Iberia, Air Europa, Aviança e Turkish Airlines, suspenderam então os seus voos para aquele país.
O Governo venezuelano decidiu revogar posteriormente as licenças de operação da TAP, Iberia, Avianca, Latam Colombia, Turkish Airlines e Gol, acusando-as de se "unirem aos atos de terrorismo" promovidos pelos Estados Unidos.
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