CGTP diz que povo tem de pressionar "tomada de posição sobre a Palestina"
- 16/09/2025
"Não podemos baixar os braços, temos de continuar a vir para a rua, a denunciar, a combater e a exigir do governo português uma tomada de posição. Isto é a parte fundamental", afirmou Tiago Oliveira, em declarações aos jornalistas no início de mais uma manifestação de solidariedade para com o povo palestiniano e contra o "genocídio" em Gaza, que decorreu hoje no Largo de Camões, em Lisboa.
Para Tiago Oliveira, a manifestação decorreu precisamente "num dia marcante", porque hoje saiu um relatório das Nações Unidas. E este relatório "confirma aquilo que temos denunciado, (...) que estamos perante um genocídio", sublinhou o líder da intersindical.
Apontando um dos exemplos do documento, salientou que este "confirma que estão a ser assassinadas e alvejadas crianças (...) que estão na fila para conseguir obter ajuda humanitária".
Mas "ao mesmo tempo que isto está a acontecer temos um governo completamente silenciado nesta matéria, e que continua a não tomar posição sobre esta matéria, a não pugnar Israel pelos crimes e pelo genocídio que está em curso, e que continua a não reconhecer a Palestina, como um Estado soberano, livre e independente", criticou.
Na opinião de Tiago Oliveira, o Estado português "refugia-se sempre em qualquer questão", quando, ao contrário, "tem de ter coragem e determinação e ser soberano na posição que ele próprio toma."
Assim, a posição do Executivo em relação à Palestina "além de opaca tem sido submissa", concluiu.
Quase uma centena de manifestantes esteve hoje, no Largo de Camões, em Lisboa, a pedir "o fim do Genocídio em Gaza" e o reconhecimento do Estado da Palestina, bem como uma maior intervenção do Estado português.
'Todos pela Palestina - Fim ao Genocídio! Fim à Ocupação!' foi o lema desta manifestação organizada pela CGTP-IN, pelo Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente e pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação.
O protesto contou também com a presença do atual candidato à Presidência da República, apoiado pelo PCP, António Filipe.
Carlos Almeida, do Movimento pelos Direito do Povo Palestino e Pela Paz no Médio Oriente disse que a manifestação de hoje é mais uma ação de solidariedade com a causa palestina, entre as muitas que têm realizado "nestes 711 dias que levamos de genocídio na Faixa de Gaza, porque nesta altura parece-nos muito importante não permitir que o assunto caia no esquecimento".
"No Porto também está a decorrer uma concentração e assim vai continuar", prometeu.
Anunciando que vai haver outras iniciativas, entre elas "uma grande manifestação nacional", que vai decorrer em Lisboa e no Porto no dia 29 de novembro, que é, de acordo com as Nações Unidas o Dia Internacional de solidariedade com a causa palestiniana.
Quanto ao relatório de hoje da ONU, que revela "o genocídio" em Gaza vem, no entender de Miguel Almeida, "colocar uma vez mais em cima da mesa a necessidade de os Governos e dos dirigentes políticos passarem das palavras aos atos, incluindo Portugal, que não pode continuar a linguagem da equidistância".
"Israel está a levar a cabo uma limpeza étnica e um genocídio sobre a população palestina, e não apenas em Gaza, apesar de Gaza ser um lugar de horror, mas também na margem ocidental", destacou.
Lembrando que são "cerca de 30 mil as pessoas que já foram desalojadas das suas casas face à violência das milícias de colonos, com o apoio do Exército israelita" naquela região a Palestina.
Isabel Camarinha, do Conselho para a Paz e Cooperação considerou, por seu lado, que "é mesmo fundamental que seja transmitido às pessoas o que está a acontecer na Palestina, na Faiza de Gaza, mas também na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental".
Por isso, sublinhou que aquela iniciativa estava "a dar o arranque" a uma campanha nacional, que vai durar até ao dia 29 de novembro, denominada "Campanha Nacional de Solidariedade pelo Povo Palestiniano".
"Nós queremos acabar com esta situação" em que "Israel continua a matar, e os Estados Unidos e a União Europeia e os governos europeus a manter a cumplicidade e o apoio ao que Israel está a fazer, incluindo o português", realçou.
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