Chefe de gabinete de Zelensky demite-se após buscas por corrupção
- 29/11/2025
Andriy Yermak, chefe de gabinete do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, demitiu-se do cargo esta sexta-feira, após ter sido alvo de buscas no âmbito de um caso de corrupção.
A notícia foi avançada por Zelensky e em causa está um esquema de corrupção envolvendo a empresa estatal Energoatom, responsável pela energia nuclear na Ucrânia.
"Haverá uma reformulação do Gabinete da Presidência da Ucrânia. O chefe de gabinete, Andriy Yermak, apresentou a sua carta de demissão", revelou o presidente ucraniano no seu habitual discurso diário à nação.
Zelensky fez questão de agradecer a Yermak por ter "apresentado sempre a posição ucraniana de forma precisa e correta nas negociações".
"Sempre foi uma posição patriótica. Mas quero evitar rumores e especulações", afirmou, acrescentando que irá reunir-se com "candidatos aptos" para o cargo já amanhã.
Esta sexta-feira de manhã, a Agência Nacional Anti Corrupção da Ucrânia (NABU) anunciou que foram efetuadas buscas e apreensões na residência de Andriy Yermak.
Já a Agência Nacional Anti Corrupção e a Procuradoria Especializada Anti Corrupção (SAP) disseram, através de comunicado, que as operações fazem parte de uma investigação "em curso" acrescentando que os detalhes vão ser "divulgados em breve".
Numa declaração, nas redes sociais, Yermak confirmou que as autoridades estavam, "de facto, a realizar diligências processuais" na sua casa, mas assegurou que os "investigadores não encontraram nenhum obstáculo".
"Foi-lhes concedido acesso total ao apartamento, e os meus advogados estão no local a colaborar com as autoridades policiais. Da minha parte, estou a cooperar plenamente", escreveu na rede social X.
Сьогодні НАБУ і САП дійсно проводять процесуальні дії у мене вдома. Жодних перешкод у слідчих немає. Їм було надано повний доступ до квартири, на місці – мої адвокати, які взаємодіють із правоохоронцями. З мого боку - повне сприяння.
— Andriy Yermak (@AndriyYermak) November 28, 2025
Andriy Yermak, antigo produtor de cinema e advogado é considerado como uma figura muito influente na Ucrânia. A suposta influência de Yermak sobre o chefe de Estado tem levantado questões e dúvidas junto da equipa presidencial ucraniana.
Dois ministros demitidos por suspeitas de corrupção
Na semana passada, o parlamento da Ucrânia aprovou a demissão de dois ministros envolvidos no escândalo de corrupção relacionado com desvios de fundos no setor da energia.
Os ministros visados são German Galushchenko, atual ministro da Defesa, que foi ministro da Energia entre 2021 e 2025, e Svitlana Hrynchuk, atual ministra da Energia.
Galuchtchenko é acusado de ter recebido "vantagens pessoais". Já Hrynchuk não é visada diretamente, mas foi considerada uma "pessoa da confiança" do ex-ministro da Energia. No entanto, ambos negam estar envolvidos no caso.
A operação das autoridades ucranianas, conhecida como Operação Midas, culminou com a detenção de cinco pessoas, enquanto outros dois suspeitos ainda estão em fuga.
Um dos suspeitos é proprietário da produtora da série que tornou Volodymyr Zelensky famoso, antes da sua eleição para o cargo de presidente da Ucrânia, em 2019, segundo a agência de notícias Reuters.
Em que consistiu a Operação Midas?
O escândalo rebentou no início de novembro quando o NABU anunciou ter realizado 70 buscas para desmantelar um "sistema criminoso" que permitiu o desvio de 100 milhões de dólares (cerca de 86 milhões de euros, ao câmbio atual) no setor energético.
Batizada de "Midas", em homenagem ao rei da mitologia grega que transformava em ouro tudo o que tocava, a operação levou, até agora, à detenção de cinco pessoas.
Segundo o NABU, o esquema de corrupção obrigava os subcontratados da Energoatom (empresa pública de energia atómica) a pagar sistematicamente 10% a 15% do valor dos contratos como subornos para evitar o bloqueio dos pagamentos devidos ou para não perderem o estatuto de fornecedor.
Os alegados responsáveis por este sistema também criaram uma cadeia de decisão paralela dentro da empresa estratégica, impondo "gestores-sombra".
O dinheiro era, subsequentemente, branqueado através de uma rede de empresas, a maioria delas com sede no estrangeiro.
[Notícia atualizada às 15h59]
Leia Também: Chefe de gabinete de Zelensky alvo de buscas por suspeitas de corrupção





.jpg)























































