Cinco mortos em fogo cruzado na fronteira entre Afeganistão e Paquistão
- 07/11/2025
Segundo Islamabad, o cessar-fogo continua intacto, embora o governo talibã tenha relatado breves trocas de tiros hoje à tarde em Spin Boldak, uma cidade afegã junto à fronteira.
"Enquanto se iniciava uma terceira ronda de negociações com a parte paquistanesa em Istambul, infelizmente, as forças paquistanesas voltaram a abrir fogo sobre Spin Boldak", acusou o porta-voz do governo talibã, Zabihullah Mujahid, num comunicado.
Cabul "ainda não retaliou, por respeito à equipa de negociação e para evitar baixas civis", acrescentou.
Do lado afegão, cinco pessoas - quatro mulheres e um homem - foram mortas, indicou um responsável do hospital distrital de Spin Boldak, citado pela agência de notícias francesa, AFP.
Uma fonte militar afegã que solicitou o anonimato - por não ter autorização para falar com a comunicação social - disse que o Paquistão tinha "utilizado artilharia ligeira e pesada e tomado como alvo zonas civis".
"Rejeitamos firmemente as afirmações emitidas pela parte afegã", replicou o Ministério da Informação paquistanês.
"O fogo foi iniciado pelo lado afegão, ao qual as nossas forças de segurança responderam imediatamente de forma proporcional e responsável", acrescentou esta fonte, considerando que o cessar-fogo permanece "intacto".
"O Paquistão continua empenhado no diálogo em curso e espera o mesmo da parte das autoridades afegãs", escreveu o ministério na rede social X.
A província afegã de Kandahar, onde se situa Spin Boldak, relatou o regresso da calma após um tiroteio que durou entre dez e 15 minutos, segundo testemunhas contactadas pela AFP.
O confronto armado ocorreu no dia em que as negociações foram retomadas na Turquia, com o objetivo de consolidar uma trégua acordada a 19 de outubro no Qatar, que pôs fim a uma semana de combates mortais.
As negociações chegaram a um impasse na semana passada em Istambul, quando se tratou de ultimar os pormenores do cessar-fogo, com cada parte a acusar a outra de não agir de boa-fé no processo.
Ambas as partes alertaram ainda para o retomar das hostilidades caso as negociações fracassem.
De acordo com a Turquia, que está a assegurar a mediação, juntamente com Doha, esta nova reunião tem como objetivo criar "um mecanismo de monitorização e verificação que garanta a manutenção da paz e a aplicação de sanções à parte que a viola".
Segundo a ONU, 50 civis foram mortos do lado afegão da fronteira em outubro. Pelo menos cinco pessoas foram mortas em explosões em Cabul.
O Exército paquistanês, por seu lado, indicou que 23 dos seus soldados foram mortos, sem referir a existência de vítimas civis.
No centro das tensões bilaterais recorrentes estão as questões de segurança, acusando-se ambos os países mutuamente de apoiar grupos armados que atacam o território do outro, atravessando uma fronteira longa e altamente permeável.
Perante uma onda de ataques contra as suas forças de segurança, Islamabad exige garantias do seu vizinho afegão de que cessará o apoio a estas organizações armadas, principalmente aos talibãs paquistaneses (TTP), que Cabul nega abrigar.
O governo talibã exige que a soberania territorial do Afeganistão seja respeitada.
Islamabad acusa ainda as autoridades talibãs de agirem com o apoio da Índia, seu inimigo histórico, num contexto de aproximação entre os dois países.
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