Comando Vermelho paralisa parte do Rio de Janeiro após megaoperação
- 29/10/2025
Pelo menos 50 autocarros de transporte público foram roubados e utilizados pelos narcotraficantes para bloquear ruas e avenidas, segundo a RioÔnibus, empresa responsável pelo serviço.
Com ruas e avenidas bloqueadas por autocarros e barreiras, algumas carreiras de autocarros alteradas para evitar zonas com tiroteios e longas filas nas estações de comboio suburbano e de metro, os cariocas tiveram dificuldades para regressar a casa ao final da tarde.
As universidades, incluindo a prestigiada Universidade Federal do Rio de Janeiro, e várias escolas públicas e privadas de vários bairros da cidade já tinham encerrado as portas e enviado os alunos para casa.
A RioÔnibus informou que teve de alterar os itinerários de 120 carreiras de autocarros devido aos tiroteios e ao bloqueio das vias.
Perante a situação caótica, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro declarou o nível 2 de risco, numa escala que vai até 5.
O presidente do município do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, explicou que as medidas adotadas, especialmente a decisão de que todos os serviços públicos continuem a funcionar normalmente e prolonguem os horários, visam evitar que a cidade brasileira seja paralisada por grupos criminosos.
"O Rio não pode tornar-se refém dos grupos criminosos", afirmou Paes numa conferência de imprensa no Centro de Operações, de onde coordena as medidas para reverter a paralisação da cidade.
O autarca acrescentou que os grupos criminosos também recorrem a notícias falsas nas redes sociais para tentar gerar pânico e paralisar ainda mais a cidade.
"Não podemos aceitar que esses grupos criminosos tomem o controlo da cidade desta forma. Já é inaceitável perder parte do nosso território e menos ainda ver a cidade inteira paralisada", declarou.
Tanto a Polícia como a Guarda Municipal estão a envidar esforços para remover os autocarros e camiões com que os criminosos bloqueiam as vias, mas os narcotraficantes erguem barricadas noutras zonas.
Entre as vias afetadas figuram algumas das mais importantes da cidade, como a Avenida Brasil, a Linha Vermelha, a Linha Amarela e a Via Grajaú-Jacarepaguá, na zona norte e oeste da 'cidade maravilhosa'.
Um grupo chegou mesmo a bloquear por alguns minutos, com um camião, a principal via de acesso ao aeroporto internacional do Rio de Janeiro, o que provocou atrasos entre os passageiros, embora sem levar ao encerramento do terminal.
Os bloqueios foram ordenados pelo Comando Vermelho depois de cerca de 2.500 polícias terem ocupado, desde a madrugada, as comunidades que compõem os complexos de favelas da Penha e do Alemão, numa operação destinada a prender os líderes da organização.
Segundo o último balanço, na operação morreram 64 pessoas, incluindo quatro polícias, e foram detidos 81 alegados membros da organização criminosa, à qual foram apreendidos 93 espingardas e "enormes" quantidades de droga.
Esta já é a operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro.
O Comando Vermelho dedica-se principalmente ao tráfico de drogas e de armas, e o seu centro de operações situa-se no estado do Rio de Janeiro, onde controla algumas comunidades da cidade, embora tenha presença em grande parte do país, especialmente na região da Amazónia.
A organização nasceu na década de 1980, quando a ditadura militar concentrou nas mesmas prisões delinquentes comuns e membros de grupos de guerrilha com formação política e até militar.
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