"Consciencialização sobre cibersegurança aumentou significativamente"
- 19/10/2025
"Ao longo dos anos, a consciencialização sobre cibersegurança aumentou significativamente", afirma Joe Levy, o que se traduz num progresso.
No passado, era preciso "um esforço evangélico" para convencer os clientes da necessidade de investir em cibersegurança, mas agora, com o aumento de ciberataques diariamente, "acho que há bastante consciência" sobre o tema.
"Agora a questão é se eles sabem o que fazer. E é aqui que acredito que os avanços nas ofertas de mercado, com melhores tipos de fusões de tecnologias e serviços como deteção e resposta geridas tornam mais fácil para o cliente perceber quais são os problemas que enfrentamos", quais as tecnologias disponíveis para ajudar e como é que tudo isso se operacionaliza, prossegue.
Isto é "uma componente crítica", porque uma empresa pode comprar a melhor tecnologia do mundo, "mas se não tiver uma operacionalização eficaz dessa tecnologia, ou seja, se não tiver um centro de operações de segurança com monitorização 24 horas por dia, sete dias por semana, garantindo que há uma combinação de humanos e IA [inteligência artificial] a monitorizar o que está a acontecer e responder rapidamente", então "a tecnologia em si não dará conta do recado", sublinha o CEO da Sophos.
"Precisamos da combinação da tecnologia e do serviço. É por isso que novas ofertas de mercado, como deteção e resposta gerenciadas, estão a começar a fazer uma enorme diferença nos resultados de cibersegurança" das organizações, reforça.
Sobre o papel da IA na Sophos, Joe Levy adianta que a empresa, com sede em Oxford, Reino Unido, tem investido em inteligência artificial para apoiar a ciberdefesa há quase uma década
"Começámos com redes neuronais de aprendizagem profunda ['deep learning neural networks', em inglês] e usamo-las para classificação de novos 'malwares' [programas informáticos maliciosos]", entre outros do género, e "funcionou notavelmente bem, melhor do que todas as tecnologias anteriores que conseguimos fazer", partilha.
Mais recentemente, "temos assistido a este enorme avanço na IA", com a criação de grandes modelos de linguagem (LLM - 'Large Language Models').
Ora, "uma IA tem uma capacidade de raciocinar como uma pessoa e, mais recentemente, temos assistido ao desenvolvimento desta tecnologia naquilo a que chamamos agentes [de IA] ou 'IA agêntica' ['agentic AI']".
Os agentes IA "começam a demonstrar autonomia, pode dar-lhes objetivos e eles irão procurá-los por conta própria e operar de forma autónoma numa tarefa específica, como encontrar vulnerabilidades" numa organização, por exemplo.
A IA pode ser usada pelos ciberatacantes, mas também por quem desenvolve soluções de deteção de ciberataques.
"A boa notícia" é que "os bons podem usar a mesma tecnologia para encontrar as fraquezas antes que os atacantes as encontrem e podem até usar a IA para ajudar a remediá-las", aponta Joe Levy.
Portanto, estes são "exemplos de como usamos a IA na Sophos hoje para os nossos clientes de MDR e XDR [solução de cibersegurança 'Extended Detection and Response']" e "acredito que esta se tornará a nova norma na forma como a cibersegurança é feita", considera o gestor.
Questionado sobre qual é maior desafio da empresa, Joe Levy diz que "priorizar as escolhas" do que se está a fazer, atendo a que existem muitas oportunidades e não se pode fazer tudo de uma vez.
"Acho que a taxa de avanço que está a acontecer na IA para um tecnólogo e para um profissional de segurança é como uma loja de doces", em que se quer ir atrás de tudo de uma vez, ilustra.
Portanto, priorizar e, depois, "garantir que tem o tipo certo de disciplina na escolha" onde está a tomar as suas decisões "para que possa obter o maior retorno do investimento e resolver os problemas mais críticos" dos clientes, diz.
"Estas são algumas das escolhas mais difíceis que temos de fazer, mas acho que estamos a fazer boas escolhas", remata Joe Levy.
A Sophos entrou no mercado português, através de parceiros, há 16 anos, e conta com cerca de 4.000 clientes em Portugal.
A equipa da Sophos para Portugal é ibérica, uma vez que os dois países funcionam como uma única região integrada. A equipa é composta por 52 pessoas.
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