Dezenas de milhares de pessoas no funeral de líder estudantil no Bangladesh
- 20/12/2025
Uma multidão imensa acompanhou o cortejo fúnebre de Osman Hadi, figura central da revolta estudantil que conduziu à queda da ex-primeira-ministra Sheikh Hasina, em agosto de 2024, descreveu a agência noticiosa France-Presse (AFP).
Candidato às legislativas de 12 de fevereiro, Hadi morreu na quinta-feira num hospital de Singapura, onde estava a ser assistido.
O militante de 32 anos tinha sido gravemente ferido a tiro em 12 de dezembro por homens mascarados quando saía de uma mesquita da capital do Bangladesh.
O governo interino decretou hoje dia de luto nacional e organizou o funeral do líder estudantil, realizado à frente ao edifício do Parlamento Nacional, em Daca.
Agentes da polícia equipados com câmaras portáteis foram destacados para o local, onde foi proferida uma oração em homenagem a Hadi.
O corpo de Hadi, repatriado na sexta-feira, foi sepultado na mesquita central da Universidade de Daca.
"Não viemos aqui para lhe dizer adeus", declarou o chefe do governo provisório, Muhammad Yunus, num discurso emocionante, segundo a AFP.
"Estás nos nossos corações e permanecerás no coração de todos nós enquanto o país existir", afirmou o prémio Nobel da Paz, de 85 anos.
Yunus disse que o Bangladesh vai prosseguir o caminho para a democracia, apesar da crise e da violência que tem afetado o país asiático.
"Ninguém pode travar o caminho deste país rumo à democracia através do medo, do terror ou do derramamento de sangue", afirmou Yunus, também citado pela agência de notícias espanhola EFE.
Yunus disse que Hadi era "parte integrante" do processo de democratização do Bangladesh.
"O seu único desejo era candidatar-se às próximas eleições e desempenhar um papel ativo na fase seguinte da construção de um novo Bangladesh", acrescentou.
Hadi era também conhecido pelas críticas virulentas à Índia, país vizinho do Bangladesh e apoiante do regime autocrático de Hasina, que se encontra no exílio em Nova Deli.
O anúncio da morte de Hadi, na quinta-feira à noite, desencadeou protestos violentos, com os manifestantes a exigirem a detenção dos autores do assassinato.
Vários edifícios da capital, incluindo as sedes dos principais jornais Prothom Alo e The Daily Star, foram vandalizados e incendiados.
Os dois diários são acusados pelos detratores de serem favoráveis à Índia.
A organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional exortou o governo provisório a investigar de forma "rápida, minuciosa, independente e imparcial" o assassinato de Hadi.
A organização manifestou também preocupação após o linchamento, na quinta-feira, de Dipu Chandra Das, um operário têxtil hindu acusado de blasfémia.
Muhammad Yunus disse que sete pessoas foram detidas por suspeita de ligação a este crime em Bhaluka, no centro do país.
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