Embriões de lince ibérico produzidos por fertilização in vitro
- 16/12/2025
O trabalho foi desenvolvido por investigadores da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Complutense de Madrid (UCM) e do Museu Nacional de Ciências Naturais (MNCN) do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) de Espanha e publicado na revista científica Theriogenology Wild.
O estudo demonstra pela primeira vez a possibilidade de gerar embriões desta espécie através da fertilização, in vitro, de células reprodutoras de fêmeas mortas em acidentes com espermatozoides criopreservados do biobanco de linces, noticiou na segunda-feira a agência Efe.
Endémico da Península Ibérica, o lince-ibérico foi considerado o felino mais ameaçado do planeta em 2002 pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), quando restavam menos de 100 indivíduos na natureza.
No entanto, os programas de conservação, reprodução e reintrodução realizados nas últimas décadas, juntamente com estudos genéticos, reprodutivos e de saúde, têm sido um sucesso retumbante e, em 2024, mais de 2.000 animais foram contabilizados na natureza.
O estatuto da espécie foi rebaixado de criticamente em perigo para "vulnerável" pela IUCN.
Um dos maiores desafios para a espécie, no entanto, é a perda de diversidade genética, que leva a mais doenças e à redução da capacidade reprodutiva.
Os investigadores acreditam que a reprodução assistida pode ajudar a ultrapassar esta dificuldade.
"A nossa investigação oferece novas opções para o programa de conservação do lince-ibérico, pois possibilita a reprodução de animais que não tiveram essa oportunidade, por exemplo, por morrerem prematuramente ou por apresentarem problemas comportamentais e não acasalarem", destacou Eduardo Roldán, investigador do CSIC no MNCN.
A investigação começou com ovários recuperados de fêmeas que morreram em acidentes.
Estes ovários foram transportados sob refrigeração dos Centros de Recuperação de Animais Selvagens para o laboratório, permitindo que os ovócitos amadurecessem em condições controladas.
Os investigadores fertilizaram com sucesso estes ovócitos e geraram embriões que foram criopreservados por vitrificação e estão atualmente armazenados no biobanco do lince-ibérico no MNCN.
O material reprodutivo dos machos utilizados na investigação foi obtido graças à colaboração dos centros de reprodução em cativeiro do lince-ibérico em Espanha e em Portugal.
"Precisamos agora de desenvolver métodos para transferir estes embriões para fêmeas recetoras, o que, sem dúvida, contribuirá para aumentar a diversidade genética desta espécie", sublinhou Ana Muñoz Maceda, investigadora da Universidade Complutense de Madrid (UCM) e autora principal do estudo.
"Os nossos resultados, embora preliminares e ainda passíveis de melhoria, confirmam que a biotecnologia reprodutiva pode vir a ser uma ferramenta fundamental para complementar os esforços de conservação e garantir a sustentabilidade genética a longo prazo do lince-ibérico", concluiu, por sua vez, a investigadora da UCM, María Jesús Sánchez Calabuig, citada no comunicado.
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