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Europa tem de aprovar os aspetos de segurança num futuro acordo, diz Merz
- 24/11/2025
"É importante para nós que um plano de paz para a Ucrânia não possa ser estabelecido sem o nosso acordo sobre questões que afetam os interesses europeus e a soberania europeia", afirmou Friedrich Merz, à margem da cimeira UE-África, a decorrer em Luanda, Angola.
O chefe do Governo alemão saudou os "resultados provisórios" alcançados no domingo em Genebra (Suíça) pelos representantes dos Estados Unidos (EUA), da União Europeia (UE) e da Ucrânia, com base na proposta de paz apresentada na semana passada por Washington, mas avisou que o processo para pôr fim à guerra será "árduo e demorado".
"As conversações serviram para chegar a acordo sobre uma posição comum entre a Ucrânia, os EUA e a UE em relação à Rússia", disse, referindo que está agora a ser coordenada uma posição comum dos líderes europeus.
O próximo passo, considerou o chefe do Governo alemão, deve ser sentar a Rússia à mesa das negociações.
"A Rússia tem de estar à mesa das negociações. Se isso acontecer, todos os esforços terão sido justificados, se não, os esforços terão de ser redobrados", sublinhou o chanceler alemão, adiantando que será "um processo trabalhoso", que não deverá terminar esta semana.
A Alemanha é o principal doador da Ucrânia na Europa e o segundo a nível mundial, atrás dos Estados Unidos.
Merz alertou Washington de que o conflito não pode ser resolvido "de um dia para o outro" e que a Ucrânia não pode ser forçada a fazer concessões unilaterais, reagindo ao ultimato do Presidente norte-americano, Donald Trump, que disse querer ver o acordo aprovado por Kyiv até à próxima quinta-feira, 27 de novembro.
Apesar de Trump ter depois admitido poder alargar esse prazo, o chanceler alemão alertou que Kyiv só deve assinar um acordo que lhe permita defender-se contra futuras agressões, com um exército que não esteja sujeito a restrições e com fortes garantias de segurança.
A reunião de domingo em Genebra resolveu alguns pontos problemáticos e substanciais da proposta inicial de 28 pontos apresentada pelos EUA, disse Merz, ressalvando, no entanto, que ainda há muitas "questões pendentes".
O chanceler alemão considerou ainda que deve continuar a manter-se "uma pressão firme" sobre a Rússia, uma vez que a "ação decisiva" deve agora partir de Moscovo.
Os líderes dos 27 do bloco europeu estão hoje a discutir o plano de paz dos Estados Unidos para a Ucrânia, numa reunião informal antes do início da cimeira UE-União Africana.
"Uma posição unida e coordenada da UE é fundamental para garantir um bom resultado das negociações de paz, para a Ucrânia e para a Europa", afirmou o presidente do Conselho Europeu, António Costa, antes do encontro.
O plano de 28 pontos elaborado pela administração Trump é visto com grande preocupação em Kyiv, já que inclui algumas das principais exigências russas, como a cedência de território a Moscovo, uma redução do exército e a renúncia de adesão à NATO.
Em caso de rejeição por parte da Ucrânia, [o Presidente russo, Vladimir] Putin, ameaçou continuar os ganhos territoriais na frente de batalha, onde as tropas russas detêm a vantagem.
Perante esta dupla pressão dos Estados Unidos e da Rússia, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, iniciou também consultas com os principais aliados na Europa.
A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.
Os aliados de Kyiv também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.
A ofensiva militar russa no território ucraniano mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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