Faixa de Gaza permanece suspensa por trégua frágil e paz ainda mais incerta

  • 06/12/2025

A trégua entrou em vigor em 10 de outubro e tem sobrevivido desde então a acusações cruzadas de violações sucessivas na primeira fase de um plano mais vasto para encerrar a guerra no enclave palestiniano, eleita o acontecimento internacional do ano pela redação da Lusa.

 

Quando assinou o entendimento, promovido pelos Estados Unidos com apoio dos outros mediadores (Egito, Qatar e Turquia), Israel tinha em curso uma vasta operação para ocupar a Cidade de Gaza, eliminar os últimos redutos do Hamas e recuperar os reféns ainda na posse das milícias palestinianas.

Apesar de manter a iniciativa militar, as autoridades israelitas enfrentavam críticas crescentes da comunidade internacional, que ganharam corpo com denúncias acumuladas de uma catástrofe humanitária iminente, desde que Israel quebrou, em março e ao fim de seis semanas, o primeiro cessar-fogo de 2025 com o Hamas, e impôs um bloqueio total ao território.

Em setembro, um painel de peritos da ONU declarou uma situação de fome no norte da Faixa de Gaza e, no mês seguinte, outra comissão das Nações Unidas acusou Israel de orquestrar uma campanha de genocídio contra os habitantes palestinianos, alegação rebatida por Telavive como "distorcida, falsa" e que apenas servia o Hamas.

Esta conclusão juntava-se, porém, a outras no mesmo sentido de várias organizações de direitos humanos e aos mandados de captura, emitidos no final de 2024 pelo Tribunal Penal Internacional, para o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o seu ex-ministro da Defesa Yoav Gallant por crimes de guerra e contra a humanidade.

Desde o início da guerra, o número de mortes registadas pelo Ministério da Saúde do enclave -- controlado pelo Hamas mas considerado fiável pela ONU e outras organizações internacionais -, já ultrapassou as 70 mil, na maioria civis, das quais acima de 350 ocorreram depois da última trégua.

Israel enfrentou ainda em setembro uma vaga de reconhecimentos diplomáticos do Estado Palestiniano, num total de dez países ocidentais - incluindo Reino Unido, França e também Portugal -- antes de aceitar o início do plano desenhado por Washington.

Na primeira fase, o acordo previa a libertação dos reféns ainda em posse do Hamas por quase dois mil prisioneiros palestinianos, a retirada parcial dos militares israelitas e o acesso de ajuda humanitária ao território.

O acordo esteve preso por um fio em várias ocasiões, no seguimento de acusações de ataques de combatentes do Hamas contra soldados israelitas, retaliadas com pesados bombardeamentos no enclave, ou nos atrasos ou erros de identidade na entrega dos corpos dos últimos reféns mortos a Israel, depois de cumprida a devolução dos 20 que estavam vivos.

As autoridades israelitas condicionam a recuperação de todos os reféns antes de discutirem a segunda fase do plano norte-americano e a continuação da sua retirada, a par do desarmamento e afastamento do Hamas da gestão do enclave, que passaria a ser assegurada por um "conselho da paz" transitório e liderado pelo líder da Casa Branca, Donald Trump, e ainda do destacamento de uma força internacional.

A guerra na Faixa de Gaza, iniciada com os ataques do Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, de que resultaram, cerca de 1.200 mortos e 251 reféns, teve ondas no Médio Oriente, onde as forças israelitas entraram, durante 12 dias em junho, em confrontação direta com o Irão, e atacaram a delegação negocial do Hamas no Qatar um mês antes de selarem a trégua.

Continuam também a executar raides aéreos quase diários no Líbano, apesar do cessar-fogo em vigor com o grupo xiita Hezbollah, e onde ainda conservam posições militares, tal como na vizinha Síria desde a queda há um ano do regime de Bashar al-Assad.

O futuro da Faixa de Gaza está ainda ligado à situação na Cisjordânia e expansão de colonatos israelitas ilegais à luz do direito internacional, por sua vez acompanhada pela intensificação da violência em 2025 envolvendo o exército e colonos judeus e a população palestiniana.

Leia Também: 2025, o ano da fome e do genocídio de palestinianos em Gaza, segundo ONU

FONTE: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/2900457/faixa-de-gaza-permanece-suspensa-por-tregua-fragil-e-paz-ainda-mais-incerta#utm_source=rss-mundo&utm_medium=rss&utm_campaign=rssfeed


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