Família de Nobel iraniana denuncia "espancamentos" durante detenção
- 14/12/2025
"A família de Narges Mohammadi e outros detidos declararam que, desde a detenção violenta, acompanhada de espancamentos, insultos e obscenidades", não receberam informações sobre o estado de saúde, o paradeiro ou as condições dos detidos, publicou a Fundação Narges Mohammadi na sua conta na rede social X.
A fundação defende que "é necessário proporcionar acesso imediato e completo a instalações médicas, registar denúncias independentes e imparciais contra os perpetradores e aqueles que ordenaram as agressões, ameaças e insultos aos detidos, e enviar todos os detidos feridos para a medicina forense".
Os familiares dos detidos não tiveram, até ao momento, notícias de que tenham tido acesso a um advogado.
A procuradoria de Mashhad indicou hoje que 39 pessoas foram detidas, por "perturbação da ordem pública", durante uma cerimónia em memória do advogado e ativista Khosrow Alikordi, encontrado morto na semana passada no seu escritório, em circunstâncias consideradas estranhas.
Segundo a televisão iraniana Iran International, entre os detidos estariam Narges Mohammadi, o irmão de Alikordi, Javad Alikordi, e Sepidé Qolyan, que subiram para um carro e lançaram "discursos inflamados" e animaram os presentes a entoar "slogans contra a ordem".
Segundo o Ministério Público, Alikordi "fugiu" do local. Além disso, a procuradoria acusa-o de tentar publicar um filme com "conteúdo destrutivo e falso".
Os detidos são alvo de uma "investigação judicial", salientou.
"A detenção ilegal e a construção de causas contra estes ativistas civis e políticos devem cessar de forma imediata e incondicional, e os seus direitos fundamentais devem ser respeitados sem demora", afirmou a Fundação Narges Mohammadi.
A detenção já foi condenada internacionalmente.
A também Nobel iraniana Shirin Ebadi valorizou a resposta de "pessoas cujas vozes ressoam pela liberdade cada vez mais alto, mais eloquentes e com mais esperança a cada dia".
Na mesma linha, o Comité Norueguês do Nobel, o prisioneiro político Ahmad Reza Haeri e o herdeiro do trono iraniano, Reza Pahlavi, criticaram as detenções.
A recém-galardoada Nobel da Paz venezuelana María Corina Machado também condenou a detenção.
"[Narges] foi detida pela sua coragem, por se recusar a aceitar a humilhação e por defender a dignidade das mulheres e os direitos básicos de todos os seres humanos", afirmou Machado.
Por isso, apelou a uma "longa marcha para a liberdade, não só venezuelana, mas também iraniana, universal" e denunciou os "autoritarismos que sobrevivem nas sombras enquanto o mundo considera a repressão uma questão interna".
O Departamento de Estado norte-americano também criticou o regime de Teerão, por "em vez de esclarecer e dar resposta às causas da morte deste corajoso advogado, tratar com violência e repressão os participantes na cerimónia".
Mohammadi, 53 anos, foi libertada provisoriamente em dezembro de 2024, após um pedido por motivos médicos aprovado pela procuradoria de Teerão.
Meses antes, em outubro, foi hospitalizada depois de a sua família ter denunciado que as autoridades estavam a impedir que ela recebesse tratamento há mais de dois meses, apesar da deterioração do seu estado de saúde.
Desde que foi libertada temporariamente, o seu círculo próximo alertou que a ativista corria o risco de ser novamente enviada para a prisão.
Mohammadi, que passou a maior parte dos últimos 20 anos da sua vida atrás das grades, sofreu vários ataques cardíacos e foi submetida a uma cirurgia de emergência em 2022.
Condenada cinco vezes, acumulou uma pena total de 31 anos de prisão, principalmente pelo seu papel nos protestos contra o rígido código de vestimenta das mulheres no Irão.
A ativista demonstrou repetidamente o seu apoio aos protestos antigovernamentais pela morte de Mahsa Amini, após ter sido detida por não usar o 'hijab' (véu islâmico).
Ao longo de toda a sua vida, Mohammadi fundou associações em defesa dos direitos das mulheres e escreveu livros e artigos para denunciar os abusos a que são submetidas pelas forças de segurança e pelas autoridades, em particular nas prisões do país.
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