Familiares desesperam por notícias em Hong Kong: "Viu esta menina?"
- 27/11/2025
"Viu esta menina?" pergunta uma mãe, em cantonês, ao jornalista da Lusa, antes de mudar para inglês. "Viu a minha filha ou a 'ajudante'?", diz, usando a expressão usada em Hong Kong para as empregadas domésticas.
A mulher, de apelido Cheng, acena com um papel onde imprimiu uma fotografia da filha de cinco anos, Hannah Cheng, e uma cópia da autorização de trabalho da empregada, a indonésia Maryan.
A família vivia em Wang Tai House, parte do complexo residencial Wang Fuk Court, onde, na quarta-feira à tarde, deflagrou um incêndio que já causou pelo menos 55 mortos, incluindo um bombeiro, e 68 feridos, dos quais 16 em estado crítico.
Uma porta-voz do consulado da Indonésia em Hong Kong confirmou ao jornal South China Morning Post que entre as vítimas mortais estão duas empregadas domésticas indonésias.
"Não as vejo desde que o incêndio começou. Por favor, viram-nas?", suplica Cheng a todas as pessoas que encontra à entrada do Alice Ho Miu Ling Nethersole, o hospital situado mais perto do complexo de habitação social, em Tai Po.
O corpo de bombeiros disse que já tinha conseguido entrar em contacto com várias das 279 pessoas que estavam inicialmente listadas como desaparecidas.
A temperatura "está muito elevada e há pisos onde não conseguimos contactar as pessoas que ligaram a pedir ajuda, mas vamos continuar a tentar", assegurou o vice-diretor do corpo de bombeiros, Derek Armstrong Chan.
Nas redes sociais circulava uma publicação de uma outra mãe, desesperada por não conseguir contactar os sogros, que estavam a tomar conta da filha de seis meses, em Wang Fuk Court.
"Já passaram quase 24 horas [desde o último contacto] (...) A minha filha precisa de ser amamentada senão vai morrer. Alguém me consegue dizer se ela foi salva ou não?", escreveu Winnie Hui.
O bairro social, construído nos anos 80, é composto por oito torres com perto de 30 andares e um total de 1.984 apartamentos, onde viviam cerca de quatro mil pessoas.
Este é já o incêndio mais mortífero desde 1918, quando Hong Kong ainda era uma colónia britânica. Nesse ano, um incêndio causou o colapso da bancada principal do hipódromo de Happy Valley, causando mais de 600 mortos.
A polícia deteve três homens por suspeita de homicídio involuntário, após a descoberta de materiais inflamáveis deixados durante trabalhos de manutenção que levaram o fogo a propagar-se rapidamente pelos andares de bambu.
Mais de 700 bombeiros estão envolvidos no combate às chamas, além de equipas de socorro e polícia.
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