Hamas acusa Israel de violar cessar-fogo e adia entrega de refém
- 29/10/2025
"Adiaremos a entrega, marcada para hoje, devido às violações da ocupação [Israel]", afirmou o braço armado do Hamas num breve comunicado publicado na rede social Telegram.
As Brigadas al-Qassam tinham anunciado que iriam entregar o corpo de um refém hoje à tarde, através da Cruz Vermelha, mas, poucas horas depois, Israel acusou o grupo palestiniano de visar as suas tropas em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, e referiu que o alegado ataque foi respondido.
No seu comunicado, as milícias palestinianas alertaram que "qualquer escalada" da situação no território por parte de Israel dificultará a busca, a escavação e a recuperação dos corpos dos restantes 13 reféns por devolver.
Os incidentes de hoje ocorrem depois de Israel acusar o Hamas de violar a trégua ao devolver restos mortais de um refém que já tinha sido recuperado e sepultado há quase dois anos, o que levou o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, a ordenar ao Exército que execute de imediato "fortes ataques na Faixa de Gaza".
De acordo com a análise forense, os restos mortais devolvidos na segunda-feira à noite pertencem ao antigo refém Ofir Tzarfati, que foi levado nos ataques liderados pelo Hamas no sul de Israel em 07 de outubro de 2023 e que morreu pouco tempo depois na Faixa de Gaza.
Israel condenou o caso como "uma clara violação do acordo" do cessar-fogo, segundo um comunicado hoje divulgado pelo gabinete de Netanyahu, que anunciava uma reunião de urgência com responsáveis do setor da segurança.
Antes do encontro, a porta-voz do Governo israelita, Shosh Bedrosian, informou que os participantes iriam discutir "as graves repercussões que o grupo terrorista vai agora enfrentar".
Imagens gravadas por um drone israelita, segundo a porta-voz, mostram militantes do Hamas a depositar os restos mortais de um refém numa vala antes de alertar a Cruz Vermelha para a descoberta do corpo.
Estes restos mortais, prosseguiu, pertenciam a Ofir Tzarfati.
Por sua vez, o Governo da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas, acusou Israel de cometer mais de 125 violações desde que a trégua entrou em vigor, incluindo bombardeamentos, tiroteios e detenções.
No total, Israel matou 94 habitantes e feriu mais de 300 desde 10 de outubro, de acordo com o Ministério da Saúde do território.
No âmbito do entendimento, o Hamas devolveu os últimos 20 reféns vivos que mantinha no enclave palestiniano, mas apenas 15 dos 28 que estavam mortos, alegando dificuldades em encontrar os corpos entre os escombros do território devastado por mais de dois anos de conflito.
Em troca dos reféns, Israel libertou quase dois mil presos palestinianos e entregou 195 corpos.
A primeira fase do acordo prevê a retirada parcial das forças israelitas do enclave e o acesso de ajuda humanitária ao território.
A trégua já tinha sido testada pela violência na Faixa de Gaza em 19 de outubro, a mais grave desde que entrou em vigor.
Em retaliação à morte a tiro de dois soldados, Israel realizou intensos ataques aéreos no território, acusando o Hamas de violar o cessar-fogo.
O grupo palestiniano negou e, por sua vez, devolveu a acusação a Israel, numa pretensa busca de "pretextos para bombardear".
A etapa seguinte do entendimento, ainda por acordar, prevê a continuação da retirada israelita, o desarmamento do Hamas, bem como a reconstrução e a futura governação do enclave.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e 251 foram feitas reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 68 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
[Notícia atualizada às 18h44]
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