Hamas confirma negociações sobre combatentes encurralados nos túneis de Gaza
- 28/11/2025
"As discussões e os contactos com os mediadores [Egito, Turquia e Qatar] e os americanos continuam com o objetivo de resolver a crise", disse à AFP um líder do movimento radical palestiniano, falando sob anonimato, bem como outras fontes contactadas pela agência noticiosa.
Na noite de quarta-feira, o Hamas divulgou um comunicado a pedir aos países mediadores que pressionem Israel no sentido de permitir que dezenas dos seus combatentes abandonem os túneis onde estão retidos na Faixa de Gaza.
O comunicado surgiu pouco depois de o exército israelita ter afirmado que matou numa semana mais de 20 combatentes que tentavam escapar de túneis na zona de Rafah, no sul do território.
Esta foi a primeira vez que o Hamas comentou publicamente a situação, revelada no início do mês pelo enviado especial da Casa Branca, Steve Witkoff.
"Esta questão foi discutida (...) no Egito, e a crise foi abordada com o chefe dos serviços de informações egípcios, Hassan Rashad, nesta semana", confirmou uma fonte palestiniana familiarizada com as discussões.
O Hamas "tem trabalhado arduamente" com mediadores no Egito, no Qatar, na Turquia e com os Estados Unidos, referiu a fonte, "de forma a suspender o cerco e permitir que os combatentes regressem a casa".
Fonte de um dos países mediadores confirmou à AFP que os Estados Unidos, o Qatar, o Egito e a Turquia estavam a trabalhar para chegar a "um acordo que permita aos combatentes do Hamas saírem dos túneis atrás da Linha Amarela", que marca o limite da retirada das tropas israelitas, na zona de Rafah.
"A atual proposta conceder-lhes-ia passagem segura para áreas não controladas por Israel, a fim de garantir que esta questão não se torne num ponto de discórdia que leve a novas violações do cessar-fogo ou ao seu colapso", disse a mesma fonte, referindo-se à trégua em vigor no enclave desde 10 de outubro.
Um responsável do Hamas na Faixa de Gaza indicou à AFP que o número estimado de combatentes ainda vivos em vários túneis, na maioria membros das Brigadas al-Qassam (braço armado do movimento), se situe entre os 60 e os 80.
No início de novembro, Steve Witkoff tinha mencionado 200 combatentes palestinianos presos nos túneis.
Quando contactado pela AFP, um porta-voz do Governo israelita declarou na altura que o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, "não estava a autorizar a passagem segura de 200 terroristas do Hamas" e que se mantinha "firme na sua intenção de desmantelar as capacidades militares" do grupo islamita e desmilitarizar a Faixa de Gaza.
O Governo israelita ainda não respondeu a um pedido da AFP para confirmar se esta posição ainda se mantém.
A primeira fase do cessar-fogo incluiu a troca de reféns (vivos e mortos) ainda mantidos na Faixa de Gaza por prisioneiros palestinianos em posse de Israel, a retirada parcial das tropas israelitas no território e acesso de ajuda humanitária.
Ambas as partes têm trocado sucessivas acusações de violação da trégua antes das próximas etapas do plano promovido pelos Estados Unidos, que prevê a continuação da retirada israelita, o desarmamento do Hamas e o estabelecimento de um "conselho da paz" para gerir a Faixa de Gaza e o destacamento de uma força internacional.
A guerra foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e 251 foram feitas reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 69 mil mortos, na maioria civis, segundo as autoridades locais, a destruição de quase todas as infraestruturas do território, um desastre humanitário e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
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