Kosovo terá eleições antecipadas após não conseguir formar governo
- 20/11/2025
O partido Autodeterminação, do atual primeiro-ministro Albin Kurti, obteve o apoio de apenas 56 dos 120 deputados, cinco a menos do que o necessário para poder formar o executivo.
Com este resultado, a Presidente Vjosa Osmani deverá dissolver o parlamento e convocar novas eleições, que se realizarão, provavelmente, no final de dezembro, segundo a agência de notícias espanhola EFE.
A perspetiva de eleições decorre da própria Constituição, que só permite duas votações para a formação do governo.
Após um segundo falhanço, segue-se a dissolução do parlamento e a organização de eleições num prazo de 40 dias.
Após meses de crise política no Kosovo, o partido social-democrata de Albin Kurti candidatou o primeiro-ministro ao cargo na primeira votação, mas, perante a recusa, propôs hoje Glauk Konjufca.
A Presidente da República encarregou Konjufca de formar governo no dia 04 de novembro, depois de o executivo formado por Kurti ter recebido os mesmos 56 votos na primeira votação, realizada em 26 de outubro.
As anteriores eleições parlamentares realizaram-se em 09 de fevereiro.
O partido de Kurti, que governa o Kosovo há mais de cinco anos, não obteve então uma maioria absoluta para permanecer no poder, desencadeando-se um cenário de instabilidade política.
O Vetevendosje (Autodeterminação) conseguiu então 42,30% dos votos, seguido pelo Partido Democrático do Kosovo (PDK), com 20,95%.
A convocação de eleições antecipadas ocorrerá no meio de um cenário económico difícil no Kosovo, com o Orçamento de 2026 pendente de uma aprovação quase impossível, segundo a agência de notícias espanhola Europa Press.
Kurti, 50 anos, no poder desde 2021, não tem outra escolha senão regressar à campanha e tentar obter um melhor resultado no próximo escrutínio.
Mas o "Che Guevara do Kosovo", como é conhecido, está longe de ser um novato na política e ainda pode contar com uma sólida popularidade, de acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP).
Após um primeiro e breve mandato à frente do governo entre fevereiro e junho de 2020, o movimento de Kurti venceu as eleições no ano seguinte, com mais de 50% dos votos, um recorde no jovem país.
Primeiro chefe de governo a ir até ao final do mandato desde a independência em 2008, a chegada ao poder marcou uma rutura radical com o passado.
Kurti não parou de desmantelar instituições, como correios e bancos, que a Sérvia mantinha no território do Kosovo, ignorando as críticas internacionais.
Através desses escritórios, Belgrado pagava pensões e salários a dezenas de milhares de sérvios, hoje prisioneiros do braço de ferro entre o Kosovo e a Sérvia, que nunca reconheceu a independência da antiga província.
Ao longo dos meses, Kurti permaneceu surdo às críticas das embaixadas e da União Europeia e continuou a desmantelar o que considerava serem "instrumentos de intimidação, ameaça e controlo".
A oposição a Belgrado está na origem do compromisso político de Kurti, que se tornou famoso na década de 1990 ao organizar manifestações contra a opressão do regime de Slobodan Milosevic em relação à população albanesa do Kosovo.
O ativismo valeu-lhe dois anos de prisão, entre 1999 e 2001, enquanto a guerra se alastrava entre os rebeldes albaneses e Belgrado.
Após a guerra, o Kosovo permaneceu por alguns anos como uma entidade sob proteção da ONU, e Kurti tornou-se um crítico incansável das instituições internacionais.
[Notícia atualizada às 17h05]
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