Líbano apresenta queixa na ONU sobre muros israelitas no sul do país
- 29/11/2025
"Além de inúmeras violações e operações em curso, Israel construiu dois muros de separação de betão em forma de 'T' a sudoeste e sudeste da cidade de Yaroun, dentro das fronteiras internacionalmente reconhecidas do Líbano", alegou o Ministério dos Negócios Estrangeiros libanês num comunicado publicado na rede social X.
O texto da diplomacia libanesa destaca que a construção foi documentada pela Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FINUL) e constitui "um entrincheiramento adicional em território libanês", em violação da resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU e do cessar-fogo em vigor no país há um ano.
O Governo libanês apela ao Conselho de Segurança e ao secretário-geral da ONU para que "tomem medidas imediatas para dissuadir Israel de violar a soberania libanesa".
Em concreto, as autoridades de Beirute exigem que Israel se comprometa com a remoção dos dois muros e com a retirada imediata das posições que ainda ocupa no sul do país.
O Governo libanês "reitera a sua disponibilidade para iniciar negociações com Israel para pôr fim à ocupação e cessar as hostilidades", bem como o seu compromisso com a plena implementação da resolução 1701, "sem exceção ou seletividade", e com o acordo de cessar-fogo.
O comunicado da diplomacia de Beirute frisa que estas condições permitirão ao Estado libanês "recuperar a sua autoridade sobre as decisões relativas à guerra e à paz, manter o seu monopólio sobre o uso da força e estender a sua soberania a todo o seu território, exclusivamente através do seu próprio poder".
A este propósito, refere ainda que a queixa apresenta os esforços empreendidos pelo exército libanês para implementar o plano nacional destinado a consolidar o uso da força pelo Estado e reforçar o seu posicionamento, em coordenação com a FINUL, a sul do rio Litani, na área vedada às tropas israelitas.
A queixa sobre os muros israelitas já tinha sido anunciada no passado dia 15 de novembro pelo Presidente libanês, Joseph Aoun, que disse ter dado instruções ao ministro dos Negócios Estrangeiros para que fosse acompanhada de relatórios da ONU e evitar "quaisquer desmentidos relativamente a esta estrutura".
Poucos dias antes, as forças de manutenção da paz da ONU relataram que Israel ergueu muros de separação na região de Yaroun, "tornando mais de 4.000 metros quadrados de território libanês inacessíveis" aos habitantes.
Por sua vez, o exército israelita rejeitou as acusações, reconhecendo no entanto que estava a erguer uma barreira de reforço ao longo da linha de demarcação entre Israel e o Líbano.
Este muro "faz parte de um plano mais vasto [do exército] cuja construção começou em 2022", disse um porta-voz militar israelita à agência de notícias France-Presse (AFP).
Israel tem bombardeado repetidamente o Líbano nas últimas semanas, apesar do cessar-fogo em vigor desde novembro de 2024, que justifica com violações do entendimento por parte do grupo xiita libanês Hezbollah.
O Hezbollah integra o chamado eixo da resistência apoiado por Teerão e envolveu-se em hostilidades militares com Israel, logo após o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023, em apoio do aliado palestiniano Hamas.
Após quase um ano de troca de tiros ao longo da fronteira israelo-libanesa, Israel lançou uma forte campanha aérea no verão do ano passado, que decapitou a direção do movimento xiita, incluindo o seu líder histórico, Hassan Nasrallah, e vários outros responsáveis da hierarquia política e militar do Hezbollah.
Desde o cessar-fogo, o Estado libanês tem procurado concentrar todo o armamento do país nas mãos das forças de segurança oficiais e deslocou efetivos para a zona da fronteira com Israel, tradicionalmente um reduto do Hezbollah e onde as tropas israelitas ainda mantêm posições militares.
A FINUL termina o mandato em 2026, depois de quase cinco décadas no terreno, e registou cerca de 10 mil violações num ano de cessar-fogo.
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