Líbano levanta proibição de viagem a filho de Kadafi
- 07/11/2025
Segundo fontes judiciais e um dos advogados de Hannibal Kadafi, detido há 10 anos no Líbano, a decisão surge dias depois de uma delegação líbia ter visitado Beirute e feito progressos nas negociações para a respetiva libertação.
Em meados de outubro, um juiz libanês tinha ordenado a libertação de Kadafi mediante o pagamento de uma caução de 11 milhões de dólares (9,5 milhões de euros), mas impôs-lhe a proibição de sair do país. Na altura, os advogados afirmaram que o arguido não dispunha desse montante e solicitaram autorização para que pudesse deixar o Líbano.
Hoje, a caução foi reduzida para 80.000 milhões de libras libanesas (cerca de 900 mil dólares -- 780 mil euros) e a proibição de viagem foi levantada, permitindo-lhe deixar o país assim que o valor for pago, segundo três fontes judiciais e uma ligada à segurança, citadas pela agência noticiosa Associated Press (AP).
As fontes, que falaram sob anonimato por não estarem autorizadas a comentar publicamente o caso, afirmaram que Kadafi tenciona sair do Líbano assim que for libertado, acrescentando que a sua família o acompanhará mais tarde.
"Fomos agora informados e iremos discutir a questão", declarou à AP um dos advogados de Kadafi, Charbel Milad al-Khoury, quando questionado sobre a decisão.
As autoridades libanesas mantêm Kadafi detido há 10 anos sem julgamento, acusado de reter informações sobre o desaparecimento de um clérigo xiita libanês.
Detido desde 2015, Hannibal Kadafi é acusado de ocultar informações sobre o destino do clérigo xiita Moussa al-Sadr, desaparecido durante uma viagem à Líbia em 1978, embora o filho de Muammar Kadafi tivesse menos de três anos na altura.
A Líbia solicitou formalmente a libertação de Hannibal Kadafi em 2023, invocando o agravamento do seu estado de saúde após este ter iniciado uma greve de fome em protesto contra a detenção sem julgamento.
Antes da sua captura, Hannibel Kadafi vivia no exílio na Síria com a mulher libanesa, Aline Skaf, e os filhos, até ter sido raptado em 2015 e levado para o Líbano por militantes libaneses, que exigiam informações sobre al-Sadr.
A polícia libanesa anunciou mais tarde ter recuperado Kadafi na cidade de Baalbek, no nordeste do país, onde estava detido, e desde então mantém-no preso em Beirute, onde tem sido interrogado sobre o desaparecimento de al-Sadr.
O caso tem sido um ponto sensível de longa data no Líbano. A família do clérigo acredita que ele poderá ainda estar vivo numa prisão líbia, embora a maioria dos libaneses presuma que esteja morto. Se ainda estivesse vivo, teria 96 anos.
Moussa al-Sadr, desaparecido juntamente com os seus companheiros Abbas Badreddine e Mohammed Yacoub, foi o fundador de um movimento político e militar xiita que participou na longa guerra civil libanesa iniciada em 1975, que opôs sobretudo muçulmanos e cristãos.
Muammar Kadafi foi morto por combatentes da oposição durante a revolta de 2011 na Líbia, que evoluiu para uma guerra civil e pôs fim a quatro décadas de domínio do país norte-africano.
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