Líderes indígenas exigem respeito e participação real nas decisões da COP30
- 06/11/2025
O pedido foi feito a partir do 'Rainbow Warrior', o icónico navio do Greenpeace, que atracou na cidade brasileira amazónica de Belém na véspera da cimeira de chefes de Estado da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP30).
"O único que vamos pedir é respeitar os indígenas, respeitar as suas terras e regularizar as que faltam. Respeitar o direito ancestral à terra que ocupamos antes da chegada do europeu", declarou o cacique Megaron Txucarramãe, que será o sucessor do lendário Cacique Raoni, numa conferência de imprensa.
O apelo foi reafirmado por Ângela Kaxuyana, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazónia Brasileira, que salientou que a expectativa dos povos originários "é ter um espaço de escuta real".
A líder recordou que os indígenas há décadas vêm a alertar para a crise climática e advertiu sobre a proximidade de a Amazónia atingir um ponto de não retorno.
"Não se pode falar de soluções sem partir do respeito à diversidade indígena e ao reconhecimento dos nossos territórios, sobretudo onde há povos isolados", acrescentou.
Estudos do MapBiomas, uma rede brasileira de instituições de investigação, demonstraram que a percentagem de vegetação nativa destruída em territórios indígenas brasileiros é inferior (1,2%) à registada em áreas privadas (19,9%).
Apesar dos esforços, os povos indígenas enfrentam a ameaça constante de mineiros ilegais, madeireiros e traficantes de drogas que avançam sobre os seus territórios, muitas vezes sem que o Estado consiga travá-los.
A isso somam-se as disputas por terras com grandes latifundiários, devido à falta de regularização de uma boa parte das terras indígenas.
Com mais de 2.500 indígenas de todo o mundo a chegar a Belém, a COP30 vai transformar-se num palco de exigência coletiva.
Os líderes indígenas anunciaram a "COP30 das ruas" e afirmaram que essa será a verdadeira cimeira climática de Belém.
"Vamos gritar para que a comunidade internacional ouça as nossas reivindicações. Regularização já! A resposta somos nós!", afirmou Dinamam Tuxá, coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil.
Entre hoje e sexta-feira, a Cimeira do Clima, que antecede a COP30, reunirá delegações de 143 países, das quais pouco mais de um terço serão chefiadas pelos respetivos líderes nacionais, com a ausência confirmada dos três líderes dos países mais poluidores do mundo (China, Estados Unidos e Índia).
Entre os líderes que confirmaram publicamente a sua presença estão o Presidente francês, Emmanuel Macron, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o primeiro-ministro, Luís Montenegro.
Adotado em 2015, o Acordo de Paris compromete os seus signatários a reduzirem emissões de gases com efeito de estufa, para que o aquecimento global não ultrapasse o limite de 1,5 graus Celsius (°C) acima dos níveis pré-industriais, esperando-se agora que, 10 anos depois, os países lancem novas Contribuições Nacionalmente Determinadas para os próximos 10 anos.
De acordo com os cálculos do Programa das Nações Unidas para o Ambiente divulgados na terça-feira, o aquecimento da Terra deverá atingir este século entre 2,3 e 2,5 °C acima dos níveis da era pré-industrial se os países implementarem planos climáticos previstos até agora.
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