Mais de mil fogem de Myanmar para a Tailândia após rusga anticibercrime
- 25/10/2025
A administração provincial de Tak (noroeste) disse num comunicado que 1.049 pessoas atravessaram a fronteira com Myanmar para chegar a Mae Sot entre quarta-feira e a manhã de hoje, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
A maioria eram homens chineses, especificou o gabinete de imigração da Tailândia.
A administração provincial de Tak disse que entre as pessoas que fugiram estão também indianos, paquistaneses, vietnamitas, birmaneses, tailandeses e cidadãos de uma dúzia de outros países.
A junta militar no poder na antiga Birmânia anunciou na segunda-feira a realização de uma rusga no complexo KK Park, situado do outro lado da fronteira tailandesa.
Cerca de 40 pessoas que deixaram este complexo, incluindo cidadãos de Taiwan e de vários países africanos, usaram pequenas embarcações para atravessar o rio Moei e chegar hoje à Tailândia, disseram responsáveis locais à AFP.
Agentes de segurança tailandeses, colocados do outro lado do rio, revistaram as bagagens enquanto as pessoas controladas entregavam os telemóveis e subiam para camiões, de acordo com um vídeo da agência noticiosa francesa.
Imagens difundidas na quinta-feira pelo canal público tailandês PBS mostravam pessoas a usar caixas de esferovite para atravessar o rio a nado e chegar à Tailândia.
Redes de burla 'online', sentimentais ou comerciais, prosperaram em Myanmar ao longo da fronteira pouco vigiada com a Tailândia com a guerra civil desencadeada pelo golpe militar que derrubou o governo birmanês em fevereiro de 2021.
A maioria dos complexos está sob o controlo de grupos criminosos chineses, em conluio com milícias birmanesas.
Segundo especialistas, a junta no poder em Myanmar faz "vista grossa" às redes nas mãos dos aliados milicianos que, em troca, controlam as regiões fronteiriças em nome dos militares.
A imprensa estatal birmanesa noticiou hoje que as autoridades detiveram recentemente "118 cidadãos estrangeiros de 14 países que entraram ilegalmente em Myanmar e estavam envolvidos em jogos de azar 'online' e burlas" na zona de KK Park.
A junta birmanesa disse na segunda-feira que apreendeu 30 recetores de internet Starlink.
Dois dias depois, a Space X, de Elon Musk, anunciou que tinha desativado mais de 2.500 recetores Starlink utilizados pelos centros de cibercrime na região.
O vice-governador da província de Tak, Sawanit Suriyakul Na Ayutthaya, disse na quinta-feira que os recém-chegados seriam controlados para determinar se eram vítimas de tráfico de seres humanos.
Caso contrário, poderiam ser processados por atravessarem a fronteira ilegalmente.
A China, aliada militar de Myanmar, tem pressionado as autoridades birmanesas para acabar com as redes de burlas 'online' por estar descontente com o número de chineses que participam na sua exploração ou que são vítimas, segundo a AFP.
A indústria de esquemas de burla 'online' no Sudeste Asiático gera lucros de cerca de 37 mil milhões de dólares (31,8 mil milhões de euros, ao câmbio atual) por ano, segundo estimativas feitas em 2023 pela ONU.
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