Milhares de sírios protestam contra ataque israelita no sul do país
- 29/11/2025
O atual Presidente interino, Ahmad al-Sharaa, tinha convocado a população síria na noite de quinta-feira para assinalar o início da ofensiva da coligação islamista que então liderou e que culminou, em 08 de dezembro de 2024, com o fim do regime imposto com mão de ferro durante décadas pela família al-Assad.
As manifestações de hoje ocorreram poucas horas depois de uma incursão israelita na aldeia de Beit Jinn, no sul do país, que fez 13 mortos, segundo as autoridades.
Após o ataque, o Ministério dos Negócios Estrangeiros sírio condenou "a agressão criminosa" do exército israelita, que considerou tratar-se de "um crime de guerra" com vista a "incendiar a região".
Os militares israelitas alegaram que a operação visou elementos do grupo Jamaa Islamiya, presente no Líbano e na Síria, e aliado do grupo islamita palestiniano Hamas, que controla a Faixa de Gaza.
Segundo relatos divulgados pela publicação Palestine Chronicle, a força israelita fez a incursão militar para alegadamente deter um residente de Beit Jinn, mas foi cercada por homens armados.
A rádio pública israelita noticiou que os militares de Israel foram forçados a usar artilharia e drones para resgatar os soldados sitiados durante o confronto armado, que terá durado duas horas.
Seis soldados israelitas ficaram feridos, três deles com gravidade, segundo o exército.
Hoje em Damasco, bem como em Alepo, Homs e Hama e Latakia, os manifestantes agitaram as novas bandeiras sírias adotadas após o golpe dos rebeldes e entoaram 'slogans' islamistas e em apoio de Sharaa, ao mesmo tempo que condenaram os raides israelitas, relata a agência France-Presse (AFP).
"Depois de derrotarmos Bashar al-Assad, vamos derrotar Israel", disse à AFP Batoul Imadeddine, 29 anos, um dos manifestantes em Damasco, que levavam faixas a dizer "Parem a agressão israelita", "Beit Jinn orgulha-nos".
Em 27 de novembro do ano passado, uma coligação rebelde lançou uma ofensiva relâmpago a partir do seu bastião em Idlib, capturando as principais cidades sírias uma após outra antes de chegar a Damasco, pondo fim a décadas da dinastia da família al-Assad.
Ahmad al-Sharaa convocara os sírios a "expressarem a sua alegria" no primeiro aniversário da queda de Assad e a "demonstrarem a unidade nacional síria".
Estas manifestações ocorrem poucos dias depois dos protestos contra o regime nas cidades predominantemente alauitas, o grupo minoritário a que al-Assad pertence e que tem estado no centro de graves episódios de violência sectária no último ano envolvendo as novas forças regulares sírias.
Ahmad al-Sharaa reconheceu na quinta-feira que estes manifestantes tinham "reivindicações legítimas".
Após a queda do antigo líder sírio Bashar al-Assad e a ascensão do novo regime em Damasco, Israel realizou centenas de ataques aéreos na Síria.
Israel também mobilizou tropas para a zona desmilitarizada dos montes Golã, além da linha de demarcação, que separa a parte desse território sírio que anexou unilateralmente em 1981, do resto da Síria.
No verão, ocorreram contactos de alto nível entre as autoridades israelitas e sírias, facilitados por França e Estados Unidos, com as duas partes a afirmar que pretendiam chegar a um acordo de segurança.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, exige, como condição para o acordo, a desmilitarização de toda a porção do território sírio que se estende do sul de Damasco até a linha de demarcação de 1974.
A linha de demarcação foi estabelecida após a guerra israelo-árabe de 1973, que consagrou a derrota da Síria na tentativa de recuperar os montes Golã, ocupadas pelo país vizinho.
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