Moçambique aponta para desigualdades devido a eventos climáticos na SADC
- 02/12/2025
"No caso das mulheres, os eventos climáticos extremos agravam as desigualdades preexistentes, dificultando ainda mais o acesso aos recursos e aumentando a sua exposição a riscos como violência baseada no género e tráfico", disse a presidente da Assembleia da República de Moçambique, Margarida Talapa.
A responsável falava na África do Sul, durante o simpósio do fórum parlamentar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), sob o tema "O impacto das mudanças climáticas na mulher e na juventude da SADC e o papel do parlamento na mitigação e adaptação", em que indicou que esta região africana é das mais afetadas pelos efeitos das mudanças climáticas.
Talapa disse que os eventos climáticos na região austral de África estão a transformar-se em desafios económicos, sociais e humanitários, afetando grupos mais vulneráveis, nomeadamente mulheres, jovens e crianças.
"Não são poucos os exemplos, nos nossos países, de mulheres violentadas ao percorrer longas distâncias a procura de água ou de crianças que foram raptadas durante deslocamentos forçados. Para a juventude, que constitui grande parte da população na nossa região, as mudanças climáticas agravam o desemprego, limitando a sua capacidade de autossustento", apontou a presidente do parlamento moçambicano.
Nas mesmas declarações, Margarida Talapa disse que os eventos climáticos na África Austral estão a catapultar a proliferação de conflitos na região devido à competição pelo acesso e controlo dos recursos, que são cada vez mais escassos, aumentando o risco de eclosão e prolongamento de conflitos, que desestabilizam os países.
Para travar os impactos das mudanças climáticas na SADC, Talapa defendeu a harmonização da legislação climática, cuja finalidade é melhorar a gestão transfronteiriça de riscos climáticos e integrar abordagens de género e juventude nos planos de adaptação e nas contribuições nacionalmente determinadas.
Margarida Talapa sugeriu igualmente a "criação de mecanismos de facilitação de acesso a financiamento para ações de adaptação, mitigação e empreendedorismo verde" e a partilha de informações referentes a estratégias de intervenções pós-desastres, incluindo o uso cada vez mais estratégico do Centro Operativo Regional de Emergência da SADC.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas globais, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.
Só entre dezembro e março últimos, na última época ciclónica, o país africano foi atingido por três ciclones, incluindo o Chido, o primeiro e mais grave, no final de 2024.
O número de ciclones que atingem o país "vem aumentando na última década", bem como a intensidade dos ventos, alerta-se no relatório do Estado do Clima em Moçambique 2024, do Instituto de Meteorologia de Moçambique, divulgado em março.
Os eventos extremos provocaram pelo menos 1.016 mortos em Moçambique entre 2019 e 2023, afetando cerca de 4,9 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística.
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