Moçambique quer acelerar formação face à falta de médicos
- 04/11/2025
 
"O rácio ideal é termos 20 cirurgiões por cada 100 mil habitantes e nós estamos muito abaixo disso", disse hoje o chefe do Programa Nacional de Cirurgia, Matchecane Cossa, à margem de uma reunião do Grupo Técnico de Desenvolvimento do Plano Nacional de Cirurgia, Obstetrícia e Anestesia, em Maputo.
Segundo o responsável, atualmente, as províncias de Cabo Delgado, Niassa, Inhambane, Gaza e Manica têm o menor número de cirurgiões nacionais, "com uma média de um a dois profissionais", frisando também que "uma operação envolve o médico e o anestesista" e, neste momento, há uma relação de "um anestesista para dez cirurgiões" nestas regiões.
"Nós sabemos que ainda contamos com o apoio de muitos médicos estrangeiros, de diferentes nacionalidades, que nos ajudam a prestar serviços cirúrgicos, mas nós queremos chegar à capacidade de sermos nós próprios moçambicanos a termos cirurgiões suficientes, termos anestesistas e obstetras suficientes e um serviço de saúde que é suficiente para operarmos os nossos pacientes", explicou.
Para as autoridades de saúde, importa agora desenhar um plano com metas claras, com "todos os intervenientes da área cirúrgica" em Moçambique, para organizar o desenvolvimento destas operações.
"Muitas vezes nós temos transferido pacientes para outros países, como Índia e África do Sul, para poderem ter cirurgias, mas por que é que nós não podemos ter essa capacidade? Nada nos limita", reiterou, acrescentando que o país tem enfermeiros treinados e capacitados para desenvolver esta tarefa.
Cossa assinalou ainda que este défice faz com que o país gaste muito dinheiro com a transferência de pacientes das unidades de saúde rurais para os hospitais de maior porte. "Por exemplo, nós temos transferências de pacientes para Maputo, Beira ou Nampula. Então, quer dizer que nós acabamos gastando muito dinheiro porque não temos recursos para poder resolver o problema lá na base", acrescentou.
"Queremos que a formação dos médicos especialistas seja acelerada. Maputo é a província que mais forma, tem um centro de formação um pouco mais complexo, mas temos províncias como Sofala, Nampula e Zambézia que já começaram com a formação de especialistas, mas queremos que essa formação seja abrangente. Queremos que cheguemos ao nível de Cabo Delgado e Niassa também formarem os seus cirurgiões e seus quadros, para poderem servir a população desta região", acrescentou.
O setor da saúde em Moçambique enfrenta vários desafios, agravados, nos últimos três anos por greves e paralisações convocadas por médicos e diferentes profissionais do setor, exigindo melhorias das condições de trabalho e revisão de políticas salariais.
O país tem um total de 1.778 unidades de saúde, 107 das quais são postos de saúde, três são hospitais especializados, quatro hospitais centrais, sete são gerais, sete provinciais, 22 rurais e 47 distritais, segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde.
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