Moçambique. Pelo menos sete camponeses degolados em Metuge
- 29/11/2025
Segundo as fontes, os camponeses foram degolados durante o dia, na sexta-feira, nos seus campos de produção, na zona de Colué, a quase 10 quilómetros da comunidade local.
"Aqui não dormimos, ontem de manhã os terroristas degolaram sete pessoas da aldeia de forma bárbara. Elas estavam nas suas machambas [campos agrícolas] na zona de Colué", disse uma fonte a partir da aldeia Nanoa.
Sem avançar números, as fontes disseram à Lusa que além de mortos, os supostos rebeldes terão raptado outras pessoas, algumas das quais libertadas ao fim do mesmo dia.
"Um deles chegou aqui à aldeia bem cansado e disse que tinha sido amarrado e obrigado a pilar mandioca seca para eles [rebeldes] comerem e contou ainda que foi dado recado de que todos devem seguir o Islão, sob pena de sofrerem ataque, caso não obedeçam", disse a fonte.
A comunidade realizou o funeral das sete vítimas após um processo de identificação que não foi "tão fácil", porque não foram encontradas partes dos corpos, avançaram as fontes.
"Foi-se ao enterro, mas para as pessoas reconhecerem os seus familiares não era tão fácil ou por roupa, ou tentar ver bem como era a postura [...]", disse outra fonte também a partir da aldeia de Nanoa.
Face à situação, algumas pessoas abandonaram a comunidade com medo de novos ataques de grupos armados.
"Alguns estão a sair, mesmo eu, volto a Pemba, não sou daqui, vim participar da cerimónia e volto, mas a situação não está boa aqui", lamentou outra fonte.
Nanoa está no interior do distrito de Metuge, a cerca de cinco quilómetros da Estrada Nacional 1 e a pouco mais de 40 quilómetros da cidade de Pemba, capital de Cabo Delgado, considerada segura.
A aldeia é um dos polos de produção, sobretudo de verduras, que alimenta a cidade capital daquela província.
A organização de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED, na sigla em inglês) estima que a província moçambicana de Cabo Delgado registou 14 eventos violentos entre 10 e 23 de novembro, envolvendo extremistas do Estado Islâmico e provocando 12 mortos.
De acordo com o mais recente relatório da ACLED, dos 2.270 eventos violentos registados desde outubro de 2017, quando começou a insurgência armada em Cabo Delgado, um total de 2.107 envolveram elementos associados ao Estado Islâmico Moçambique (EIM).
Estes ataques provocaram em pouco mais de oito anos 6.341 mortos, refere no novo balanço, incluindo as 12 vítimas reportadas nestas duas semanas de novembro.
"Os confrontos entre as forças estatais e o EIM foram retomados no distrito de Macomia, no que parece ser uma importante operação de contra-insurgência em curso", lê-se no relatório, que recorda que o Estado Islâmico afirmou num boletim semanal que, em 10 de novembro, o EIM repeliu tentativas das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) de recuperar um posto avançado em Quiterajo.
"A 15 de novembro, o EI afirmou ter ferido dois soldados ruandeses num confronto 20 quilómetros a sul, na aldeia de Cogolo. Seis dias depois, fontes locais afirmam que ocorreu outro confronto em Cogolo, quando o EIM emboscou as forças ruandesas que tinham descoberto um engenho explosivo improvisado colocado pelo grupo. Não se registaram vítimas mortais e, de acordo com uma fonte, o EIM sofreu feridos no confronto", descreve ainda o ACLED.
A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, rica em gás, é alvo de ataques extremistas há oito anos, com o primeiro ataque registado em 05 de outubro de 2017, no distrito de Mocímboa da Praia.
Leia Também: Quase um milhão de casos de malária e 30 mortos em Manica





.jpg)






















































