Mondlane rejeita que manifestações em Moçambique sejam "criminosas"
- 21/12/2025
"Num momento em que decorre o diálogo nacional inclusivo, ainda faz sentido usar esse tipo de linguagem? Dizer que as manifestações foram violentas, ilegais e criminosas", criticou Mondlane, durante um encontro com membros do partido Anamola, que antecedeu uma marcha, na província de Inhambane, sul de Moçambique.
De acordo com Venâncio Mondlane, presidente do partido Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo (Anamola), "o outro problema" é não mencionar as causas que levaram as pessoas a manifestarem-se.
"Quando eles falam dessas manifestações, nunca dizem a causa. Uma das causas é que, em 2023 e 2024, houve roubo de votos, a vontade da população foi desvirtuada, então a população sentiu-se burlada e tem o direito de protestar, quando um direito seu é violado. O segundo ponto, tudo isto que está a acontecer nos últimos 50 anos, que leva a população a viver uma vida miserável, o povo sentiu que também era uma oportunidade de dar um grito de socorro", disse Mondlane, também ex-candidato presidencial.
O político moçambicano disse ainda que, pelas razões sociais, as manifestações foram constitucionais, legítimas e por direito, mas foram violenta e ilegalmente reprimidas pelas autoridades.
"Precisa ficar claro que o que foi violento e criminoso foi a repressão das manifestações. As manifestações foram legais, legítimas, tiveram causas por detrás e essas causas eles não querem resolver", referiu Venâncio Mondlane.
Em 18 de dezembro passado, o Presidente moçambicano, Daniel Chapo, considerou as manifestações de "violentas, ilegais e criminosas", em discurso no parlamento, ao apresentar, ao longo de três horas, o informe sobre o estado da nação.
Dois meses e meio após a votação, o Conselho Constitucional proclamou Daniel Chapo vencedor da eleição presidencial, com 65,17% dos votos nas eleições gerais de 09 de outubro, seguindo-se Venâncio Mondlane, com 24%, mas que nunca reconheceu os resultados.
Cerca de 400 pessoas morreram em resultado de confrontos com a polícia, conflitos pós-eleitorais de contestação aos resultados anunciados e resvalaram para saque
s generalizados em empresas e instituições públicas, paralisações e barricadas nas estradas, que cessaram após encontros entre Mondlane e o Presidente moçambicano, Daniel Chapo, em 23 de março.
Na última sexta-feira, Daniel Chapo manifestou vontade de acabar com o histórico de violência que ocorre depois dos processos eleitorais e tornar Moçambique em um país "normal" e permanentemente estável, por meio de um diálogo inclusivo.
"Com o diálogo, queremos que Moçambique deixe de viver ciclicamente o espectro de violência, sobretudo depois dos processos eleitorais que estamos a levar a cabo desde 1994. Queremos que Moçambique seja um país normal e permanentemente estável e presumivelmente seguro, sem medo, onde todos participem na construção de um futuro risonho para os nossos filhos e as futuras gerações", disse Chapo.
Leia Também: Protestos após vitória de Chapo e terrorismo marcam o ano de Moçambique





.jpg)






















































