Moscovo quer funcionários da embaixada de Portugal em empresa estatal
- 16/09/2025
A secretária-geral do Sindicato dos Trabalhadores Consulares, das Missões Diplomáticas e dos Serviços Centrais do Ministério dos Negócios Estrangeiros (STCDE) mostrou preocupação com este caso, durante uma audiência na Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas.
Segundo Rosa Teixeira, na Embaixada de Portugal em Moscovo trabalham 12 funcionários, dos quais nove são russos, um português, um binacional, um etíope e um filipino.
O recurso a estrangeiros resultou da pouca atratividade da carreira e das dificuldades na língua que travaram a ida de funcionários públicos portugueses para este país, situação que também existe em outros, conforme explicou Rosa Teixeira.
"Os colegas [russos] falam e escrevem perfeitamente português, mas são trabalhadores de nacionalidade russa ao serviço de Portugal há muitos anos, funcionários públicos de Portugal e agora estão muito preocupados", disse à Lusa.
Rosa Teixeira explicou que em causa está a decisão das autoridades russas de criar uma empresa para fornecer às missões e embaixadas estrangeiras pessoal russo.
"Agora, as autoridades russas vêm dizer que, como [estes funcionários públicos de Portugal] são russos têm de resolver o seu contrato de trabalho com Portugal e ir para uma empresa estatal" russa.
Será esta empresa a fixar "as suas remunerações e as suas condições de trabalho" e, como consequência direta, "Portugal deixa de ter mão em relação a estes trabalhadores", adiantou.
"É como Portugal abrir mão de poder escolher quem trabalha para si. É tão simples como isto. Se os trabalhadores em Moscovo passam a ser designados por uma agência [estatal russa], Portugal deixa de ter mão em relação a quem entra nas instalações" da sua embaixada em Moscovo, salientou.
Os funcionários russos em questão estão preocupados e Rosa Teixeira questionou o Ministério dos Negócios Estrangeiros português sobre o caso, tendo tido conhecimento de que existe um grupo de trabalho que foi criado para resolver o assunto.
Além desta questão, o sindicato partilhou com os deputados as principais preocupações em matéria laboral e de direitos dos funcionários da Administração Pública portuguesa no estrangeiro, nomeadamente a falta de proteção social em alguns países e as diferenças entre os vencimentos e os níveis de vida.
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