MSF avisa que entrave administrativo ameaça ajuda em Gaza
- 23/12/2025
"Os novos requisitos ameaçam revogar o registo das organizações não-governamentais (ONG) internacionais a partir de 01 de janeiro. Esta falta de registo impediria as organizações, incluindo a MSF, de prestar serviços essenciais às pessoas em Gaza e na Cisjordânia", avisa a Médicos Sem Fronteira, em comunicado hoje divulgado.
As novas regras foram introduzidas por Telavive em março deste ano e permitem recusar registos com base em critérios como "a deslegitimação" de Israel, tendo várias organizações protestado e alertado para o risco de restrições à ajuda em Gaza.
Desde então, dezenas de ONG viram os seus pedidos de entrada de bens essenciais recusados, sob o argumento de que "não estão autorizadas a fornecer ajuda" e, em agosto, mais de 100 ONG assinaram uma declaração a denunciar aquilo que chamaram "a nova ofensiva das autoridades israelitas contra organizações humanitárias internacionais".
Hoje, a pouco mais de uma semana do final do ano, a MSF considerou que a perda de acesso a Gaza e à Cisjordânia de organizações humanitárias independentes e experientes "será um desastre", nomeadamente porque o sistema de saúde de Gaza já está destruído, após dois anos de ofensiva israelita.
"A MSF apela às autoridades israelitas para que garantam que as ONG internacionais possam manter e continuar a sua resposta imparcial e independente em Gaza", avançou, acrescentando que a resposta humanitária, já de si restrita, não pode ser ainda mais desmantelada.
No último ano, lembrou a coordenadora de emergência da MSF em Gaza, Pascale Coissard, citada no comunicado, a organização "tratou centenas de milhares de doentes e distribuiu centenas de milhões de litros de água", mas é preciso expandir as atividades em 2026.
De acordo com a responsável, a MSF planeia gastar entre 100 e 120 milhões de euros na resposta humanitária em Gaza do próximo ano.
"Se a MSF perder o acesso a Gaza em 2026, devido às autoridades israelitas, grande parte da população de Gaza perderá o acesso a cuidados médicos essenciais, água e apoio vital", reiterou, garantindo que a organização vai continuar a "procurar um diálogo construtivo com as autoridades israelitas".
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