Níveis de dióxido de carbono atingem novos máximos em 2024
- 15/10/2025
A agência das Nações Unidas alerta que isso resultará num aumento da temperatura durante centenas de anos, devido à longa permanência do mais importante gás com efeito de estufa na atmosfera.
Segundo o Boletim de Gases com Efeito de Estufa da OMM, os valores atingidos o ano passado devem-se às emissões resultantes da atividade humana e ao aumento dos incêndios florestais, bem como à redução da absorção de CO2 por sumidouros, como as árvores e plantas em terra e as algas no oceano.
Num comunicado de divulgação do relatório, a OMM assinala que de 2023 para 2024 a concentração média global de CO2 aumentou 3,5 partes por milhão (ppm), "o maior aumento desde o início das medições modernas em 1957".
Além disso, também subiram para níveis recorde as concentrações de metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), o segundo e o terceiro gases com efeito de estufa de longa duração mais importantes, que contribuem para a destruição da camada de ozono e o consequente aquecimento global.
"O calor retido pelo CO2 e outros gases com efeito de estufa está a pressionar o nosso clima e a conduzir a mais fenómenos climáticos extremos. A redução das emissões é, portanto, essencial não só para o clima, mas também para a nossa segurança económica e o bem-estar da comunidade", afirmou a secretária-geral adjunta da OMM, Ko Barrett, citada no comunicado.
A OMM divulgou o boletim anual sobre os gases com efeito de estufa - com dados sobre concentrações e não sobre os níveis de emissões - para fornecer informações científicas fiáveis aos participantes na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP30), que vai decorrer entre 10 e 21 de novembro em Belém, no Brasil, dedicada ao incremento da ação climática.
Segundo o comunicado, quando o boletim foi publicado pela primeira vez, em 2004, o nível médio anual de CO2 medido pela rede de estações do sistema global de observação da OMM era de 377,1 ppm, enquanto em 2024 foi de 423,9 ppm.
Em relação ao metano, a sua concentração média global em 2024 foi de 1.942 partes por milhão de milhão (ppmm), tendo a do óxido nitroso atingido os 338 ppmm, um aumento de 166% e 25%, respetivamente, em relação aos níveis pré-industriais (considerados pela OMM como anteriores a 1750).
As taxas de crescimento de CO2 triplicaram desde a década de 1960, acelerando de um aumento médio anual de 0,8 ppm por ano para 2,4 ppm por ano na década de 2011 a 2020.
Cerca de metade do total de CO2 emitido anualmente permanece na atmosfera e o restante é absorvido pelos ecossistemas terrestres e oceanos da Terra, refere a agência da ONU, acrescentando que "este armazenamento não é permanente".
"Existe a preocupação de que os sumidouros de CO2 terrestres e oceânicos estejam a tornar-se menos eficazes, o que aumentará a quantidade de CO2 que permanece na atmosfera, acelerando assim o aquecimento global.
A monitorização contínua e reforçada dos gases com efeito de estufa é fundamental para a compreensão destes ciclos", disse Oksana Tarasova, cientista sénior da OMM e coordenadora do Boletim dos Gases com Efeito de Estufa, citada no comunicado.
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