Número de mortos no incêndio de Hong Kong sobe para 161
- 20/12/2025
O comissário da Polícia, Joe Chow, explicou que os trabalhos periciais ainda estão a decorrer e não excluiu a possibilidade de o número final poder sofrer novas variações, à medida que a análise forense for avançando.
Chow afirmou que o processo de identificação continua a ser complexo devido ao estado de alguns restos mortais recuperados no local.
O balanço anterior das autoridades dava conta de 160 vítimas mortais.
O responsável disse também que o desmantelamento das redes de proteção e dos andaimes de bambu nas fachadas arrancou na sexta-feira, embora, por razões de segurança, o trabalho só esteja a ser realizado em quatro dos sete edifícios afetados. A recolha de provas materiais continua em curso e não há data prevista para a conclusão.
O incêndio no complexo residencial Wang Fuk Court começou em 26 de novembro, quando a rede que cobria as estruturas de bambu entre o rés-do-chão e o primeiro andar do bloco Wang Cheong House se incendiou. O fogo propagou-se com uma rapidez invulgar ao resto do complexo, atingindo seis outras torres.
Tendo em conta a magnitude da tragédia, o Governo local criou uma comissão de inquérito independente, presidida por um magistrado, com o objetivo de esclarecer as causas do início e da rápida propagação do incêndio.
Esta comissão deverá também examinar os procedimentos aplicados nos contratos de reabilitação de edifícios, avaliar a adequação do quadro regulamentar existente, analisar eventuais responsabilidades criminais e fazer recomendações ao Governo. O relatório final deverá ser apresentado num prazo máximo de nove meses.
Paralelamente, a Comissão Independente contra a Corrupção (ICAC) deteve na quarta-feira o atual presidente da associação de moradores do Wang Fuk Court, bem como o antecessor, no âmbito da investigação sobre a catástrofe.
O complexo residencial, construído em 1983 no âmbito de um programa público de habitação a preços acessíveis, é composto por oito torres de 31 andares e cerca de duas mil habitações. De acordo com o recenseamento de 2021, albergava 4.643 pessoas.
Na altura do incêndio, os edifícios estavam envoltos em andaimes de bambu e redes de segurança devido a obras de renovação avaliadas em 330 milhões de dólares de Hong Kong (cerca de 36 milhões de euros).
Investigações posteriores constataram a utilização de redes sem a resistência ao fogo exigida e de painéis de poliestireno expandido (esferovite) altamente inflamáveis, o que acelerou a propagação do incêndio e levou a suspeitas de cortes indevidos de materiais e falhas nos processos de adjudicação.
Desde o início de 2024, os moradores têm apresentado queixas ao ICAC por alegadas irregularidades. As obras começaram em julho e vizinhos chegaram a publicar nas redes sociais imagens de pontas de cigarro abandonadas.
Em setembro, a direção da associação de moradores foi renovada e o departamento de Trabalho efetuou inspeções com a imposição de sanções. A última inspeção oficial teve lugar uma semana antes do incêndio.
O Ministério Público está também a investigar mais de uma dezena de pessoas ligadas ao incêndio, sob a presunção de terem cometido homicídio por negligência, incluindo os diretores e um consultor de engenharia da empresa de construção responsável pelas obras.





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