ONU denuncia que apagão dificultou mais ainda vida das mulheres afegãs
- 29/10/2025
"Os apagões e outras restrições desproporcionadas nas telecomunicações violam os direitos à liberdade de expressão e ao acesso à informação e são contrários às obrigações do Afeganistão em matéria de direitos humanos", declarou o porta-voz do Alto-Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (ACNUDH), Jeremy Laurence.
O porta-voz do ACNUDH sublinhou também tratar-se de um acontecimento cujos motivos não foram esclarecidos pelas autoridades 'de facto' talibãs.
Num relatório conjunto elaborado pelo ACNUDH e pela Missão das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA), indica-se que, durante os dois dias do apagão (29 e 30 de setembro), a população afegã demorou mais tempo a ter acesso a cuidados médicos ou simplesmente não conseguiu.
Em consequência disso, "ocorreram mortes que poderiam ter sido evitadas", disse Laurence.
O corte da Internet interrompeu o único meio que a população do sexo feminino tem para prosseguir a sua educação, que os talibãs proibiram às meninas com mais de 12 anos.
O apagão interrompeu também as compras 'online', uma forma que as mulheres utilizam para contornar as restrições de circulação que lhes foram impostas pelo regime talibã.
Durante a interrupção nas telecomunicações, as mulheres também não conseguiram contactar os seus 'mashrams' - os familiares do sexo masculino que obrigatoriamente as acompanham na maioria das deslocações -, pondo em risco os seus empregos, o acesso a cuidados médicos e até a sua segurança, alertou o porta-voz do ACNUDH.
A ausência de telecomunicações digitais teve impacto inclusive no trabalho das equipas humanitárias que continuavam a ajudar as comunidades afetadas pelo sismo do final de agosto e os refugiados do Paquistão.
O apagão afetou também a capacidade económica da população que, devido à falta de Internet, não pôde receber os seus salários a tempo ou levantar dinheiro no banco, o que causou uma subida de preços dos bens de primeira necessidade.
Para redigir este relatório, a ONU entrevistou mais de 100 pessoas.
Este verão, completaram-se quatro anos desde que os talibãs tomaram o poder no Afeganistão, a 15 de agosto de 2021.
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