ONU pede ajuda internacional para "reconstrução com dignidade" de Gaza
- 25/11/2025
Na reunião mensal do Conselho de Segurança da ONU sobre a questão palestiniana, o coordenador das Nações Unidas para o Processo de Paz no Médio Oriente, Ramiz Alakbarov, indicou que os danos em Gaza -- físicos, económicos e sociais -- são catastróficos.
Dois anos de combates deixaram quase 80% dos 250 mil edifícios de Gaza danificados ou destruídos. Mais de 1,7 milhões de pessoas continuam deslocadas, muitas delas em abrigos sobrelotados sem acesso adequado a água, alimentos ou cuidados médicos, segundo dados das Nações Unidas.
Embora a disponibilidade e o preço dos produtos alimentares básicos tenham melhorado em Gaza, as fontes essenciais de proteína, como frango, carne e ovos, continuam a estar fora do alcance de muitas famílias, num momento em que Israel continua a limitar a travessia de ajuda.
Além disso, a ONU e os seus parceiros humanitários enfrentam grandes desafios no fornecimento de materiais para abrigo, como tendas e cobertores. Com a chegada dos meses de inverno, estes atrasos têm de ser resolvidos com urgência, instou Alakbarov.
Os hospitais continuam a sofrer com a falta de eletricidade e de água potável, o que limita severamente a capacidade de cuidar dos doentes.
A situação da água e do saneamento é alarmante, com o lago Sheikh Radwan a "tornar-se, na prática, num esgoto a céu aberto, exigindo atenção imediata para evitar uma catástrofe de saúde pública", alertou.
Mas o representante da ONU frisou que as necessidades no terreno vão muito além das carências físicas imediatas, salientando que as necessidades psicossociais, a coesão social e as questões de justiça devem ser igualmente abordadas com "dignidade e esperança".
"Estes esforços devem estar ancorados num horizonte político claro para a resolução do conflito, o fim da ocupação ilegal e a concretização da solução de dois Estados. (...) Não há tempo a perder", disse, discursando por videochamada na reunião.
Um dos principais focos da reunião de hoje foi a implementação do "Plano Abrangente para o Fim do Conflito em Gaza", também conhecido como "plano de 20 pontos", anunciado pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, no final de setembro.
A primeira fase do plano, acordada entre Israel e o Hamas em 08 de outubro, estabeleceu o atual cessar-fogo em Gaza e exige a libertação dos reféns ainda retidos pelo grupo islamita palestiniano.
Apesar do cessar-fogo, Ramiz Alakbarov afirmou que o progresso no terreno é frágil, apontando para os recentes ataques israelitas contra áreas povoadas de Gaza, que causaram inúmeras vítimas e uma destruição significativa, assim como ataques esporádicos de militantes palestinianos contra soldados israelitas.
"Esta violência está a pôr em risco o frágil cessar-fogo. Exorto todas as partes a exercerem contenção e a cumprirem os seus compromissos no âmbito do acordo", defendeu
Alakbarov exigiu a entrega imediata às respetivas famílias dos corpos de três reféns que ainda não foram devolvidos.
Sobre a situação na Cisjordânia, a expansão dos colonatos, a violência, incluindo por parte dos colonos, a deslocação e os despejos continuam a aumentar a níveis alarmantes, referiu o coordenador.
"Isto precisa de parar. (...) A impunidade destes crimes deve acabar e as comunidades palestinianas devem ser protegidas", pediu.
No encontro de hoje, vários países pediram uma maior coordenação internacional em auxílio do povo palestiniano, com a China, Rússia, Reino Unido e Argélia a instar Israel a cumprir as suas obrigações de direito internacional para garantir a prestação de assistência humanitária a Gaza e a parar com os ataques.
Os Estados Unidos, maior aliado de Telavive, focaram-se no Hamas, instando a comunidade internacional a atuar rapidamente para negar ao grupo islamita "qualquer hipótese de se reconstituir".
Washington saiu mais uma vez em defesa de Israel e defendeu que os recentes ataques das Forças de Defesa israelitas contra alvos do Hamas "foram uma resposta às violações do cessar-fogo por parte de agentes" terroristas.
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