"Ouvimos os cidadãos". Governo da Bulgária demite-se após protestos
- 12/12/2025
O primeiro-ministro da Bulgária, Rosen Zhelyazkov, e o respetivo governo demitiram-se esta quinta-feira, na sequência dos protestos que levaram milhares de pessoas às ruas do centro da capital do país.
"Ouvimos a voz dos cidadãos a protestar contra o governo", disse o governante, numa declaração ao país. "Jovens e idosos levantaram a voz. Esta energia cívica deve ser apoiada e encorajada".
Ainda assim, o primeiro-ministro cessante afirmou que a Bulgária enfrenta um grande desafio e que os seus cidadãos necessitarão de apresentar "propostas autênticas" sobre como deverá ser o próximo governo.
A decisão, recorda a BBC, ocorreu na véspera da votação de uma moção de censura - a sexta do governo de Zhelyazkov - e 20 dias antes da entrada da Bulgária na zona euro, marcada para 1 de janeiro de 2026.
Na quarta-feira, dezenas de milhares de manifestantes reuniram-se na capital búlgara, Sófia, pela terceira semana consecutiva para exigir a demissão do governo, uma revolta iniciada devido à proposta de orçamento do Estado para 2026 previamente apresentada.
Os manifestantes reuniram-se na Praça da Independência, em frente ao parlamento, em Sófia, exigindo a demissão do governo que, em 3 de dezembro, já tinha retirado a sua proposta de orçamento do Estado devido à pressão popular.
O orçamento previa o aumento de alguns impostos e contribuições sociais, no entanto, segundo os manifestantes, todos esses aumentos tinham como objetivo ocultar desvios de fundos.
"Estou aqui porque a corrupção está em todo o lado. A situação é intolerável. Grande parte dos meus amigos já não vive na Bulgária e não vai voltar", afirmou Gergana Gelkova, de 24 anos, acrescentando que "os parasitas têm de sair do poder".
A onda de descontentamento, com uma presença significativa de jovens, começou no final de novembro, quando o governo tentou aprovar, em processo acelerado, o orçamento de 2026, o primeiro redigido em euros.
Além do governo, os manifestantes também atacaram o ex-magnata da comunicação social, Delyan Peevski, acusado pela oposição de exercer influência sobre a imprensa, a justiça e os serviços de segurança.
Peevski, alvo de sanções por parte dos Estados Unidos e do Reino Unido por corrupção, lidera o partido que representa a minoria turca e parte da comunidade cigana e que garante a maioria parlamentar do Governo.
A mobilização, convocada pela coligação reformista e pró-ocidental "Continuamos a mudança - Bulgária democrática" (PP-DB), reuniu também milhares de pessoas noutras cidades do país.
O governo tinha argumentado que a sua proposta orçamental era necessária para satisfazer a exigência da zona euro, nomeadamente ter um défice orçamental inferior a 3% do Produto Interno Bruto (PIB).





.jpg)























































