Paquistão declara fim do cessar-fogo com Afeganistão por continuarem ataques
- 29/11/2025
"O cessar-fogo não se mantém porque o objetivo era pôr fim aos ataques terroristas dentro do Paquistão por parte do TTP (...) e de cidadãos afegãos que utilizam solo afegão", disse o porta-voz paquistanês, Tahir Andrabi.
O diplomata referia-se ao grupo dos talibãs paquistaneses, ou Tehreek-e-Taliban Pakistan (TP), que Islamabad acusa de utilizar território afegão para realizar ataques dentro do Paquistão.
Cabul rejeita a acusação e atribui os ataques a problemas internos de segurança paquistaneses.
Andrabi explicou numa conferência de imprensa em Islamabad que o cessar-fogo não implicava um acordo tradicional entre dois estados beligerantes.
Era sim um entendimento de que não deveriam ocorrer ataques no Paquistão por parte de grupos "patrocinados pelo Afeganistão", segundo referiu, citado pela agência de notícias espanhola EFE.
Afirmou, contudo, que ocorreram atentados significativos após o acordo e disse que as forças de segurança permaneciam "totalmente em alerta" para fazer face à ameaça proveniente do Afeganistão.
"A nossa preparação militar é sólida", disse Andrabi.
"Os desafios de segurança que enfrentamos serão abordados com a seriedade que merecem", acrescentou.
Em 11 de novembro, um atentado à bomba em frente a um tribunal de Islamabad causou 12 mortos e dezenas de feridos.
O ataque foi reivindicado por uma fação do TTP e o Paquistão disse que o autor era um cidadão afegão.
O exército paquistanês lançou ataques na província afegã de Kandahar e em Cabul em outubro com bombardeamentos na capital dirigidos contra o líder do TTP, Noor Wali Mehsud, que provocaram represálias dos talibãs afegãos contra postos fronteiriços no Paquistão.
Mais de 70 pessoas foram mortas, incluindo cerca de 50 civis afegãos, disse a ONU.
Mais tarde, ambos os países alcançaram um cessar-fogo mediado pelo Qatar e pela Turquia durante conversações em Doha, seguido de outras rondas em Istambul.
O Afeganistão acusou na terça-feira o Paquistão de ter matado 10 pessoas, incluindo nove crianças, durante bombardeamentos em três províncias orientais próximas da fronteira.
Um porta-voz militar paquistanês negou que o Paquistão ataque civis e, horas depois, a ONU confirmou o número de mortos em ataques aéreos no Afeganistão, mas sem apontar o dedo a Islamabad.
O Paquistão anunciou na segunda-feira que três afegãos fizeram um atentado suicida na entrada do edifício da Polícia Federal paquistanesa em Peshawar, que matou três agentes.
O exército paquistanês informou ainda que matou 22 militantes durante uma operação realizada na quarta-feira no distrito de Dera Ismail Khan, a sudoeste de Islamabad.
O ano de 2024 foi o mais mortífero para o Paquistão em quase uma década, com mais de 1.600 mortos em atos de violência que Islamabad atribuiu ao TTP e a outros grupos extremistas.
O Paquistão e o Afeganistão partilham uma fronteira de 2.600 quilómetros criada pelo Reino Unido, que Cabul não reconhece totalmente por dividir o grupo étnico dos pastunes.
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