Ramos-Horta diz que é "graças ao Xanana" que Timor-Leste está "aqui"
- 23/11/2025
"Xanana sobreviveu e com uma força de vontade impressionante, que poucos seres humanos conseguem ter, reorganiza a resistência, novas investidas contra os indonésios", disse Ramos-Horta, em entrevista à Lusa a propósito dos 50 anos da declaração da independência, em 28 de novembro de 1975, lembrando os ataques de que o primeiro-ministro foi alvo.
O líder timorense perdeu homens e sofreu reveses, mas organizou a rede clandestina e a resistência das cidades ocupadas.
Xanana Gusmão foi eleito líder da resistência e comandante-chefe das Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor-Leste (FALINTL) em 1981, tendo lançado a Política de Unidade Nacional, desenvolvido a Frente Clandestina e instituído o Conselho Nacional de Resistência Maubere, mais tarde nomeado Conselho Nacional de Resistência Timorense.
"Chegamos a 1999 ao referendo graças ao Xanana, não graças a mais ninguém, obviamente, a igreja envolveu-se, porque o Xanana teve a lucidez de falar com D. Martinho da Costa Lopes, abandonar o marxismo-leninismo. Graças ao Xanana que hoje nós estamos aqui", afirmou o chefe de Estado.
Martinho da Costa Lopes foi uma das figuras mais importantes da Igreja Católica em Timor-Leste durante a ocupação indonésia e desempenhou um papel central na defesa dos direitos humanos dos timorenses.
José Ramos-Horta lamentou também que agora digam que Xanana Gusmão já não é o grande homem que foi durante a luta.
"Eu digo: senhores agora também foi ele que ganhou para nós a fronteira marítima. Não sei quem é que ganharia", disse, referindo-se à negociação das fronteiras marítimas com a Austrália, concluídas em 2018 e lideradas pelo atual primeiro-ministro.
O Presidente salientou também que Xanana Gusmão é que tomou a decisão histórica de diversificar do Fundo Petrolífero em 2009, o que "trouxe para Timor já 11 mil milhões de dólares de retorno" e fez a reconciliação, sem perseguições e sem julgamentos de ninguém.
José Ramos-Horta destacou igualmente que é Xanana Gusmão que "continua a ter competência técnica" para discutir as fronteiras marítimas com a Indonésia, cujo processo de negociações se iniciou este ano, bem como para resolver a questão do Greater Sunrise, esperando-se que o acordo seja assinado no início do próximo ano.
"Ele quer resolver todas essas questões antes de deixar o poder. Ele não quer deixar para a nova geração esses dossiers muitos complexos", acrescentou o Presidente.
Timor-Leste assinala em 28 de novembro os 50 anos de declaração unilateral da independência e da ocupação indonésia, em 7 de dezembro de 1975.
A restauração da independência aconteceu em 20 de maio de 2002, depois da realização de um referendo pela autodeterminação em 30 de agosto de 1999.
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