Relatora da ONU acusa países "influentes" de apoiarem "genocídio" em Gaza

  • 29/10/2025

"O meu relatório expõe como Estados influentes, com a aquiescência de muitos outros, prestaram apoio diplomático, militar, económico e ideológico a Israel, consolidando, em vez de desmantelar, o 'apartheid' colonial israelita, que nos últimos dois anos se tornou genocida", afirmou Albanese em conferência de imprensa.

 

A relatora falou aos jornalistas por videoconferência a partir da África do Sul, uma vez que as sanções impostas pelos Estados Unidos no verão passado a impediram de apresentar presencialmente o seu último relatório na sede da ONU, em Nova Iorque.

"Creio que nenhum Estado pode alegar, com credibilidade, que defende o direito internacional enquanto arma, apoia e protege um regime genocida", frisou.

A relatora italiana, frequentemente atacada por Israel e pelos Estados Unidos, defendeu que a cooperação militar é a mais significativa forma de cumplicidade, uma vez que, através do comércio de armas e da partilha de informações, alguns Estados alimentaram a máquina de guerra israelita.

De acordo com Albanese, os Estados Unidos e a Alemanha, sozinhos, são responsáveis por fornecer 90% das importações de armas de Israel.

Mas, pelo menos 26 Estados, incluindo Itália, forneceram ou facilitaram a transferência de componentes de armas para Telavive, enquanto muitos outros continuam a comprar armas que "foram testadas em palestinianos".

Apenas alguns Estados ocidentais, como Espanha e Eslovénia, cancelaram contratos e impuseram embargos, segundo o relatório.

Além disso, após os ataques de 07 de outubro de 2023 pelo grupo radical palestiniano Hamas, "a maioria dos líderes ocidentais repetiu como papagaios as narrativas israelitas, disseminadas pela media estatal e corporativa, repetindo alegações desmascaradas e apagando distinções fundamentais entre combatentes e civis", denunciou o relatório elaborado por Albanese.

Na prática, os israelitas foram retratados como "civis" e "reféns", e os palestinianos como "terroristas do Hamas", alvos "legítimos" ou "colaterais", "escudos humanos" ou "prisioneiros" legalmente detidos, destacou o documento.

Na sua apresentação à imprensa, Francesca Albanese lamentou a postura de vários Estados do chamado Sul Global, "incluindo do continente africano", que "uma vez libertados da opressão colonial" tão pouco "fizeram para enfrentar este genocídio" em Gaza.

A relatora recordou que apenas 14 Estados aderiram à decisão da África do Sul de apresentar o histórico caso de genocídio contra Israel perante o Tribunal Internacional de Justiça.

Face às acusações que fez hoje, Albanese pediu que os Estados-membros da ONU suspendam todas as relações militares, comerciais e diplomáticas com Telavive, que Israel seja suspenso das Nações Unidas e que sejam investigados e processados todos os funcionários, empresas e indivíduos envolvidos ou que facilitaram o genocídio do povo palestiniano.

Nesse sentido, Albanese recordou o passado colonial de Portugal e como medidas impostas pela comunidade internacional na época ajudaram a moldar o decurso da história.

"As medidas bem-sucedidas implementadas contra o 'apartheid' na África do Sul, a Rodésia, Portugal e outros regimes coloniais demonstram que o direito internacional pode ser aplicado para garantir a justiça e a autodeterminação. Hoje, os Estados terceiros têm a mesma obrigação legal e moral de aplicar essas e outras medidas contra qualquer Estado que ainda perpetue a violência colonial e o 'apartheid'", insistiu.

Antes de falar à imprensa, Francesca Albanese apresentou o seu relatório à Terceira Comissão da Assembleia-Geral da ONU. 

Apesar de a apresentação ter sido feita por videoconferência, a relatora especial foi novamente alvo de ataques do embaixador israelita junto da ONU, Danny Danon, que classificou o relatório como "vergonhoso" e "parcial" e menosprezou Albanese pessoalmente, chamando-a de "bruxa".

Questionada sobre se acha que a ONU e o seu secretário-geral, António Guterres, estão a fazer todos os possíveis para a apoiar diante dos repetidos ataques, Albanese preferiu não responder.

A especialista italiana, que está mandatada pelo Conselho dos Direitos Humanos da ONU, mas que não fala em nome da organização, é uma das vozes mais críticas da guerra de Israel em Gaza.

A jurista foi igualmente uma das primeiras vozes a classificar as ações de Israel contra a população palestiniana como genocídio.

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e 251 foram feitas reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 68 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.

Leia Também: Peritos da ONU pedem à FIFA e UEFA suspensão da seleção de Israel

FONTE: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/2878633/relatora-da-onu-acusa-paises-influentes-de-apoiarem-genocidio-em-gaza#utm_source=rss-mundo&utm_medium=rss&utm_campaign=rssfeed


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