Ucrânia: Guterres admite estar pouco otimista sobre negociações de paz
- 16/09/2025
Numa conferência de imprensa em Nova Iorque, Guterres advogou que as posições da Ucrânia e da Rússia são hoje muito diferentes.
"Não estou otimista quanto aos progressos a curto prazo no processo de paz na Ucrânia (...) porque vejo as posições de ambos os lados muito diferentes", disse.
Guterres sublinhou que a Ucrânia "está legitimamente" empenhada em manter a integridade territorial, enquanto a Rússia quer ocupar grande parte da Ucrânia.
O líder da ONU respondia a uma pergunta sobre as recentes negociações entre o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o homólogo russo, Vladimir Putin.
O secretário-geral enfatizou que as posições de ambos os lados são agora "amplamente incompatíveis" e sublinhou que a Rússia "resistiu firmemente à ideia de um cessar-fogo".
"Todos sabemos o quão difícil é conseguir isso [um acordo]. Por isso, temo que possamos testemunhar esta guerra a continuar, pelo menos por um tempo", observou.
Questionado ainda se acredita que Donald Trump fez o suficiente para merecer um Prémio Nobel da Paz, Guterres escusou-se a responder diretamente: "essa é uma pergunta a fazer a algumas pessoas na Noruega que lidam com esta questão", disse, referindo-se ao Comité Nobel Norueguês, responsável por selecionar os galardoados com o Prémio Nobel da Paz.
A Rússia exige a desmilitarização e a rendição da Ucrânia, bem como a cessão das regiões ucranianas cuja anexação reivindicou, embora sem as controlar totalmente.
A Ucrânia considera estas condições inaceitáveis e exige garantias de segurança dos aliados ocidentais, por recear um novo ataque da Rússia, mesmo que fosse alcançado um acordo de paz.
A Rússia invadiu e anexou a Crimeia em 2014 e, desde a invasão de 2022, declarou como anexadas as regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia.
Moscovo e Kiev realizaram este ano três rondas de negociações diretas em Istambul, em maio, junho e julho, nas quais apenas concordaram com a troca de prisioneiros de guerra e de corpos de soldados.
Quanto ao resto, limitaram-se a apresentar as respetivas posições sobre qual devia ser a fórmula para resolver o conflito.
O Presidente russo, Vladimir Putin, endureceu ainda mais as posições desde a cimeira de meados de agosto com o homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, no Alasca, após a qual recusou reunir-se com o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Também recusou declarar um cessar-fogo e o envio de tropas ocidentais para a Ucrânia.
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