"UE tem que fazer o que pode para não perder a Geórgia como democracia"
- 16/12/2025
"O que importa agora é que a União Europeia tem que fazer o que pode para não perder a Geórgia como uma democracia", declarou Hatia Jinjikhadze, numa entrevista conjunta com a imprensa internacional, no Parlamento Europeu em Estrasburgo, onde irá receber o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento 2025 em representação da jornalista Mzia Amaghlobeli, que se encontra detida no país que integrava a União Soviética.
A diretora da Civil Society Foundation afirmou que a maioria dos países europeus são aliados da Geórgia e sublinhou que isso é notório "nas declarações e nas resoluções que são divulgadas pelo Parlamento Europeu", mas defendeu que o apoio não pode resumir-se a isso.
"Nós precisamos também que sejam tomadas algumas ações mais decisivas para que os povos de Geórgia, defensores da democracia, prisioneiros políticos, pessoas como Mzia Amaghlobeli, não sejam deixadas sozinhas na sua luta", salientou numa entrevista à Lusa.
A diretora da fundação, que quer aproximar o país de valores europeus tais como a proteção dos direitos humanos, a liberdade de imprensa ou a integração de minorias, referiu ainda que o jornalismo no país está a viver "os piores tempos".
"Os media georgianos passaram por diferentes governos, repressões e hostilidades, mas o que nós estamos a assistir agora está acima de todos os limites", sublinhou.
"Os jornalistas da Geórgia, e eu não estou a falar dos jornalistas que estão alinhados com o governo, estou a falar dos media independentes, críticos, que servem o interesse público, eles estão a operar num ambiente muito hostil devido às leis que foram introduzidas e que são muito repressivas", adiantou.
Jinjikhadze acusou ainda as forças policiais de agredirem manifestantes pró-europeus e muitos jornalistas ao longo dos dois últimos anos.
"Há centenas de incidentes de ataques a jornalistas, quando eles cobrem protestos, quando caminham pelas ruas, quando cobrem casos em tribunal", disse, acrescentando que muitos manifestantes foram também "brutalmente agredidos, torturados em carrinhas de polícia" após serem detidos.
Jinjikhadze acusou ainda o governo georgiano, liderado pelo partido populista Sonho Georgiano, que bloqueou as negociações de adesão do país à UE, de apoiar os polícias que perpetraram esses atos de violência.
"O resultado final é que ninguém foi punido, ninguém foi levado à justiça, pelo contrário, o governo do Sonho Georgiano recompensou esses polícias pelo seu comportamento", acrescentou.
Questionada sobre se uma eventual resolução do conflito da Ucrânia e os eventuais termos dessa resolução teriam impacto sobre a Geórgia, a defensora dos direitos humanos garantiu que sim.
"O resultado da guerra definitivamente influenciaria a Geórgia, mas não só a Geórgia, o mundo inteiro", disse, considerando que influenciaria especificamente "a situação e a segurança da Europa", bem como a Moldova, que está também no processo de adesão à UE.
Quanto ao apoio do povo georgiano à Ucrânia, frisou que esse é claro, sublinhando que "a maioria dos georgianos caminhou pelas ruas em apoio à Ucrânia".
"Dizer que a vitória da Ucrânia na guerra resolveria os problemas da Geórgia não seria justo", disse, admitindo que primeiro o país precisa de resolver os seus próprios problemas políticos.
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