Um morto na Síria após confrontos entre forças curdas e exército
- 23/12/2025
"Um civil foi morto por disparos de morteiro e 'rockets' das Forças Democráticas Sírias [FDS, predominantemente curdas] em vários bairros de Alepo", segundo a Sana.
As FDS indicaram, por sua vez, que cinco civis ficaram feridos nos confrontos.
O Ministério do Interior sírio afirmou que as FDS, presentes nos bairros predominantemente curdos de Sheikh Maqsoud e Ashrafie, "traíram" as Forças de Segurança Interna "após a sua súbita retirada e abertura de fogo" contra os seus postos de controlo, "apesar dos acordos estabelecidos".
O ministério acrescentou que o incidente "resultou em ferimentos num membro das forças de segurança e num membro do exército, bem como fez vários feridos entre membros da Defesa Civil e civis".
As forças curdas sírias referiram porém na rede Telegram que o "ataque foi perpetrado por fações ligadas ao Ministério da Defesa contra um posto de controlo na rotunda de Sheikh Maqsoud" e responsabilizaram o Governo de Damasco.
"Este ataque é uma clara continuação da escalada desenfreada que ameaça a segurança da cidade e a vida dos civis, e revela a incapacidade do Governo de Damasco para controlar as fações aliadas", acrescentaram.
Os confrontos levaram também à deslocação dos habitantes da região, enquanto o governador de Alepo, Azam al-Gharib, recomendou que os residentes evitem aproximar-se das zonas de confronto.
"A sua segurança é da nossa responsabilidade. Afirmamos que o Estado não tolerará qualquer ameaça à segurança de Alepo e deterá qualquer pessoa que a perturbe", acrescentou al-Gharib.
Os confrontos entre os dois lados são comuns nos bairros predominantemente curdos de Sheikh Maqsoud e Ashrafieh e o de hoje ocorre no dia da visita de uma delegação turca a Damasco, onde deixou o alerta de que não vê qualquer disposição entre as forças curdas para se integrarem no exército.
Aparecendo ao lado do seu homólogo sírio, o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, disse, citado pela agência Associated Press (AP), que as conversações se centraram na integração das Forças Democráticas Sírias, bem como nas incursões militares de Israel no sul da Síria e na luta contra o grupo Estado Islâmico.
Fidan chefiou uma delegação que incluía o ministro da Defesa turco, Yasar Guler, e o chefe dos serviços de informações, Ibrahim Kalin, que se reuniram igualmente com o Presidente interino sírio, Ahmad al-Sharaa.
Segundo o acordo assinado em março entre o Governo transitório de al-Sharaa e as FDS, a força liderada pelos curdos deveria fundir-se no novo exército sírio, mas os detalhes permaneceram vagos e a sua implementação ficou por concluir.
Um dos principais pontos de discórdia estava relacionado com a dúvida se as FDS se manteriam como uma unidade coesa no novo exército ou se seriam dissolvidas e os seus membros absorvidos individualmente pelas novas forças armadas, que resultaram do golpe militar que afastou, em dezembro do ano passado, o anterior regime sírio de Bashar al-Assad.
Ancara considera as FDS uma organização terrorista devido à sua associação com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que trava uma longa resistência na Turquia, embora esteja em curso um processo de paz.
As autoridades curdas afirmaram que foi alcançado um acordo preliminar para permitir que três divisões afiliadas nas FDS se integrem como unidades no novo exército, mas não é claro até que ponto as partes estão perto de o finalizar.
O prazo original para a implementação do entendimento de março era o final do ano, permanecendo o receio de um confronto militar caso não haja progressos até lá.
"Não vimos uma iniciativa ou uma vontade séria das Forças Democráticas Sírias para implementar este acordo. Tem havido uma procrastinação sistemática", lamentou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros da Síria, Asaad al-Shibani, falando ao lado de Fidan.
O governante sírio acrescentou que as autoridades de Damasco apresentaram uma proposta às FDS para avançar com a fusão militar e recebeu uma resposta no domingo, sem adiantar mais pormenores.
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