Vila dos EUA torna-se sucesso com ensino do português

  • 07/12/2025

Num distrito escolar com 2.332 alunos, 670 aprendem português ou em português, destacando-se o caso da Escola Primária Farley, a única do distrito do estado de Massachusetts em que os alunos têm acesso a um programa 'dual language', ou seja, um programa letivo em duas línguas, em que num período as disciplinas são lecionadas integralmente em português e no período seguinte em inglês.

 

São 197 os alunos que têm aulas no modelo 'dual language', sendo um dos programas de maior sucesso e maior consistência no país, explicou à Lusa o coordenador do ensino português nos Estados Unidos da América (EUA), João Caixinha.

O programa de português em Hudson tem beneficiado de um acordo entre o Camões I.P. e o Departamento de Educação de Massachusetts, permitindo recrutar professores de português, no âmbito do Programa de Professores Visitantes de Portugal.

Tendo em conta a pequena dimensão do distrito escolar, Caixinha enalteceu o grande investimento que é feito pela gestão local na contratação dos docentes, incluindo 12 professores, dois especialistas de leitura e um 'instructional coach' (formador de docentes).

Mas o sucesso do ensino de português em Husdon está também diretamente ligado à luta histórica dos imigrantes para que o idioma passasse das escolas comunitárias para as públicas. 

Nessa luta destacou-se o comendador Claudinor Salomão, uma figura incontornável na comunidade portuguesa em Massachusetts e que nos anos 1970 liderou as reivindicações para que os impostos que os portugueses pagavam fossem também usados para esse fim, segundo explicou à Lusa o professor Aníbal Serra, cujo doutoramento focou-se nos alunos de herança no distrito escolar de Hudson.

Aníbal Serra mudou-se para os EUA como professor visitante e é hoje 'instructional coach', um líder educacional que trabalha em parceria com professores para aprimorar as práticas de ensino, o planeamento de aulas e os resultados dos alunos, em mais um exemplo do investimento de Hudson no português.

À semelhança de outras partes da costa leste dos EUA, a esmagadora maioria dos habitantes de ascendência portuguesa em Hudson tem origens açorianas, especialmente de Santa Maria, segundo a investigação de Aníbal Serra.

A maior vaga migratória de açorianos para Hudson verificou-se depois da Segunda Grande Guerra, sobretudo, nas décadas de 1960 e 1970, após a erupção dos Capelinhos no Faial, indicou.

"Nos anos 70, há tantos portugueses em Hudson, que o português é a língua franca, é a língua falada nas ruas. Com essa portugalização de Hudson, as comunidades juntaram-se e disseram: 'já que nós pagamos impostos, queremos português nas escolas para os nossos filhos poderem escrever e falar a língua que nós falamos'. E é daí que vem. Nos anos 1970 começa o português nas escolas públicas como disciplina", disse o docente à Lusa.

Contudo, à medida que a imigração portuguesa para os EUA foi diminuindo, o português europeu "foi morrendo no sentido de falante" em Hudson, sublinhou.

"Nós temos o clube português, as festas, a comida, os restaurantes, os supermercados portugueses, mas já não se fala português europeu como nos anos 60 e 70. Agora fala-se muito o português do Brasil, porque são eles que chegam e são eles os falantes da língua", afirmou Serra.

Ana Pimentel chegou aos EUA há cerca de 18 anos como professora visitante de Portugal. Hoje é coordenadora de Educação para as línguas estrangeiras do distrito escolar de Hudson.

À Lusa, a docente destacou a vaga de imigração brasileira, que permitiu que a língua portuguesa ganhasse uma nova dimensão em Hudson e impulsionou a abertura do programa de 'dual language'.

"Os alunos portugueses, quase todos de segunda e terceira geração, chegam até nós já sem a língua portuguesa, porque quando as escolas não apoiam, a língua perde-se na terceira geração. Mas o que aconteceu aqui é que esta vaga de imigração brasileira permitiu que a língua chegasse novamente, através dos nossos alunos", explicou.

Além de portugueses e brasileiros, Ana Pimentel indicou que o programa de ensino de português em Hudson conta também com alunos norte-americanos, que não têm qualquer relação com Portugal ou com o Brasil, mas cujos pais querem que sejam bilingues.

Os EUA são um dos países onde o ensino de português mais tem crescido, com mais de 20 mil alunos no ensino básico e secundário, e mais de dois mil estudantes no ensino superior, apoiados por mais de quatro centenas de professores, segundo dados oficiais, que apontam para um crescimento de 100% nos últimos 10 anos.  

Leia Também: Governo desafia famílias portuguesas no estrangeiro a falarem português em casa

FONTE: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/2900751/vila-dos-eua-torna-se-sucesso-com-ensino-do-portugues#utm_source=rss-mundo&utm_medium=rss&utm_campaign=rssfeed


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