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Visita turca a Damasco sinaliza pressão sobre integração curda
- 23/12/2025
Aparecendo ao lado do seu homólogo sírio, o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, disse, citado pela agência Associated Press (AP), que as conversações se centraram na integração das Forças Democráticas Sírias (FDS), lideradas pelos curdos, no novo exército sírio, bem como nas incursões militares de Israel no sul da Síria e na luta contra o grupo Estado Islâmico.
"A estabilidade da Síria tem uma grande importância para a Turquia", declarou o chefe da diplomacia de Ancara.
Fidan chefiou uma delegação que incluía o ministro da Defesa turco, Yasar Guler, e o chefe dos serviços de informações, Ibrahim Kalin, que se reuniram igualmente com o Presidente interino sírio, Ahmad al-Sharaa.
Segundo o acordo assinado em março entre o Governo transitório de Al-Sharaa e as FDS, a força liderada pelos curdos deveria fundir-se no novo exército sírio, mas os detalhes permaneceram vagos e a sua implementação ficou por concluir.
Um dos principais pontos de discórdia estava relacionado com a dúvida se as FDS se manteriam como uma unidade coesa no novo exército ou se seriam dissolvidas e os seus membros absorvidos individualmente pelas novas forças armadas, que resultaram do golpe militar que afastou, em dezembro do ano passado, o anterior regime sírio de Bashar al-Assad.
Ancara considera as FDS uma organização terrorista devido à sua associação com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que trava uma longa resistência na Turquia, embora esteja em curso um processo de paz.
As autoridades curdas afirmaram que foi alcançado um acordo preliminar para permitir que três divisões afiliadas nas FDS se integrem como unidades no novo exército, mas não é claro até que ponto as partes estão perto de o finalizar.
O prazo original para a implementação do entendimento de março era o final do ano, permanecendo o receio de um confronto militar caso não haja progressos até lá.
"Não vimos uma iniciativa ou uma vontade séria das Forças Democráticas Sírias para implementar este acordo. Tem havido uma procrastinação sistemática", lamentou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros da Síria, Asaad al-Shibani, falando ao lado de Fidan.
O governante sírio acrescentou que as autoridades de Damasco apresentaram uma proposta às FDS para avançar com a fusão militar e recebeu uma resposta no domingo, sem adiantar mais pormenores.
Nas suas declarações em Damasco, Hakan Fidan criticou as "políticas expansionistas" de Israel na Síria e acusou as FDS de coordenarem ações com Telavive, embora sem apresentar provas.
O Governo de Israel tem-se mostrado cauteloso com as novas autoridades na Síria desde a queda de Bashar al-Assad, em dezembro de 2024, após a operação militar dos rebeldes, liderados pelo grupo jihadista Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS), do atual Presidente de transição.
Embora Ahmad al-Sharaa tenha afirmado não desejar um conflito com Israel, as forças israelitas ocuparam posições numa zona tampão patrulhada pela ONU no sul da Síria e lançaram centenas de ataques aéreos contra instalações militares sírias desde dezembro do ano passado.
A Turquia mantinha uma relação complexa com Al-Sharaa quando este era líder do HTS, uma fação armada que governava grande parte do noroeste da Síria antes do golpe que derrubou Al-Assad. A posição de Ancara alterou-se e tem vindo a apoiar o Governo de Al-Sharaa desde que a operação dos rebeldes triunfou.
A Turquia, juntamente com a Arábia Saudita e o Qatar, interveio para persuadir o Presidente norte-americano, Donald Trump, a levantar as sanções impostas à Síria em vigor há décadas, o que acabou por se verificar, à semelhança do que acontecia com as sanções a Al-Sharaa pelas suas anteriores ligações às organizações terroristas Estado Islâmico e Al-Qaida, impostas por Washington, ONU ou o Reino Unido.
Os militares turcos têm também prestado apoio ao novo exército sírio, incluindo a formação de cadetes e oficiais.
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